31 de ago. de 2009

Obrigando-me a ler Rilke

Colhidos de O Poema

O torso arcaico de Apolo

Não conhecemos sua cabeça inaudita
Onde as pupilas amadureciam. Mas
Seu torso brilha ainda como um candelabro
No qual o seu olhar, sobre si mesmo voltado

Detém-se e brilha. Do contrário não poderia
Seu mamilo cegar-te e nem à leve curva
Dos rins poderia chegar um sorriso
Até aquele centro, donde o sexo pendia.

De outro modo erger-se-ia esta pedra breve e mutilada
Sob a queda translúcida dos ombros.
E não tremeria assim, como pele selvagem.

E nem explodiria para além de todas as fronteiras
Tal como uma estrela. Pois nela não há lugar
Que não te mire: precisas mudar de vida.

(Tradução: Paulo Quintela)


- Que farás tu, meu Deus, se eu perecer?

Que farás tu, meu Deus, se eu perecer?
Eu sou o teu vaso - e se me quebro?
Eu sou tua água - e se apodreço?
Sou tua roupa e teu trabalho
Comigo perdes tu o teu sentido.

Depois de mim não terás um lugar
Onde as palavras ardentes te saúdem.
Dos teus pés cansados cairão
As sandálias que sou.
Perderás tua ampla túnica.
Teu olhar que em minhas pálpebras,
Como num travesseiro,
Ardentemente recebo,
Virá me procurar por largo tempo
E se deitará, na hora do crepúsculo,
No duro chão de pedra.

Que farás tu, meu Deus? O medo me domina.

(Tradução: Paulo Plínio Abreu)


- Hora Grave

Quem agora chora em algum lugar do mundo,
Sem razão chora no mundo,
Chora por mim.


Quem agora ri em algum lugar na noite,
Sem razão ri dentro da noite,
Ri-se de mim.

Quem agora caminha em algum lugar no mundo,
Sem razão caminha no mundo,
Vem a mim.

Quem agora morre em algum lugar no mundo,
Sem razão morre no mundo,
Olha para mim.

(Tradução: Paulo Plínio Abreu)


Morgue

Estão prontos, ali, como a esperar
que um gesto só, ainda que tardio,
possa reconciliar com tanto frio
os corpos e um ao outro harmonizar;

como se algo faltasse para o fim.
Que nome no seu bolso já vazio
há por achar? Alguém procura, enfim,
enxugar dos seus lábios o fastio:

em vão; eles só ficam mais polidos.
A barba está mais dura, todavia
ficou mais limpa ao toque do vigia,

para não repugnar o circunstante.
Os olhos, sob a pálpebra, invertidos,
olham só para dentro, doravante.

(Tradução: Augusto de Campos)



A Pantera
No Jardin des Plantes, Paris

De tanto olhar as grades seu olhar
esmoreceu e nada mais aferra.
Como se houvesse só grades na terra:
grades, apenas grades para olhar.

A onda andante e flexível do seu vulto
em círculos concêntricos decresce,
dança de força em torno a um ponto oculto
no qual um grande impulso se arrefece.

De vez em quando o fecho da pupila
se abre em silêncio. Uma imagem, então,
na tensa paz dos músculos se instila
para morrer no coração.

(Tradução: Augusto de Campos)

A Gazela
Gazella Dorcas

Mágico ser: onde encontrar quem colha
duas palavras numa rima igual
a essa que pulsa em ti como um sinal?
De tua fronte se erguem lira e folha

e tudo o que és se move em similar
canto de amor cujas palavras, quais
pétalas, vão caindo sobre o olhar
de quem fechou os olhos, sem ler mais,

para te ver: no alerta dos sentidos,
em cada perna os saltos reprimidos
sem disparar, enquanto só a fronte

a prumo, prestes, pára: assim, na fonte,
a banhista que um frêmito assustasse:
a chispa de água no voltear da face.

(Tradução: Augusto de Campos)

São Sebastião

Como alguém que jazesse, está de pé,
sustentado por sua grande fé.
Como mãe que amamenta, a tudo alheia,
grinalda que a si mesma se cerceia.

E as setas chegam: de espaço em espaço,
como se de seu corpo desferidas,
tremendo em suas pontas soltas de aço.
Mas ele ri, incólume, às feridas.

Num só passo a tristeza sobrevém
e em seus olhos desnudos se detém,
até que a neguem, como bagatela,
e como se poupassem com desdém
os destrutores de uma coisa bela.

(Tradução: Augusto de Campos)

O Anjo

Com um mover da fronte ele descarta
tudo o que obriga, tudo o que coarta,
pois em seu coração, quando ela o adentra,
a eterna Vinda os círculos concentra.

O céu com muitas formas Ihe aparece
e cada qual demanda: vem, conhece
-.
Não dês às suas mãos ligeiras nem
um só fardo; pois ele, à noite, vem

à tua casa conferir teu peso,
cheio de ira, e com a mão mais dura,
como se fosses sua criatura,
te arranca do teu molde com desprezo.

(Tradução: Augusto de Campos)


Fonte Romana
Borghese

Duas velhas bacias sobrepondo
suas bordas de mármore redondo.
Do alto a água fluindo, devagar,
sobre a água, mais em baixo, a esperar,

muda, ao murmúrio, em diálogo secreto,
como que só no côncavo da mão,
entremostrando um singular objeto:
o céu, atrás da verde escuridão;

ela mesma a escorrer na bela pia,
em círculos e círculos, constante-
mente, impassível e sem nostalgia,

descendo pelo musgo circundante
ao espelho da última bacia
que faz sorrir, fechando a travessia.

(Tradução: Augusto de Campos)


Dançarina Espanhola

Como um fósforo a arder antes que cresça
a flama, distendendo em raios brancos
suas línguas de luz, assim começa
e se alastra ao redor, ágil e ardente,
a dança em arco aos trêmulos arrancos.

E logo ela é só flama, inteiramente.

Com um olhar põe fogo nos cabelos
e com a arte sutil dos tornozelos
incendeia também os seus vestidos
de onde, serpentes doidas, a rompê-los,
saltam os braços nus com estalidos.

Então, como se fosse um feixe aceso,
colhe o fogo num gesto de desprezo,
atira-o bruscamente no tablado
e o contempla. Ei-lo ao rés do chão, irado,
a sustentar ainda a chama viva.
Mas ela, do alto, num leve sorriso
de saudação, erguendo a fronte altiva,
pisa-o com seu pequeno pé preciso.

(Tradução: Augusto de Campos)

O Cego

Ele caminha e interrompe a cidade,
que não existe em sua cela escura,
como uma escura rachadura
numa taça atravessa a claridade.

Sombras das coisas, como numa folha,
nele se riscam sem que ele as acolha:
só sensações de tato, como sondas,
captam o mundo em diminutas ondas:

serenidade; resistência -
como se à espera de escolher alguém, atento,
ele soergue, quase em reverência,
a mão, como num casamento.

(Tradução: Augusto de Campos)


Exercícios ao Piano

O calor cola. A tarde arde e arqueja.
Ela arfa, sem querer, nas leves vestes
e num étude enérgico despeja
a impaciência por algo que está prestes

a acontecer: hoje, amanhã, quem sabe
agora mesmo, oculto, do seu lado;
da janela, onde um mundo inteiro cabe,
ela percebe o parque arrebicado.

Desiste, enfim, o olhar distante; cruza
as mãos; desejaria um livro; sente
o aroma dos jasmins, mas o recusa
num gesto brusco. Acha que á faz doente.

(Tradução: Augusto de Campos)


O Solitário

Não: uma torre se erguerá do fundo
do coração e eu estarei à borda:
onde não há mais nada, ainda acorda
o indizível, a dor, de novo o mundo.

Ainda uma coisa, só, no imenso mar
das coisas, e uma luz depois do escuro,
um rosto extremo do desejo obscuro
exilado em um nunca-apaziguar,

ainda um rosto de pedra, que só sente
a gravidade interna, de tão denso:
as distâncias que o extinguem lentamente
tornam seu júbilo ainda mais intenso.

(Tradução: Augusto de Campos)


O Fruto

Subia, algo subia, ali, do chão,
quieto, no caule calmo, algo subia,
até que se fez flama em floração
clara e calou sua harmonia.

Floresceu, sem cessar, todo um verão
na árvore obstinada, noite e dia,
e se soube futura doação
diante do espaço que o acolhia.

E quando, enfim, se arredondou, oval,
na plenitude de sua alegria,
dentro da mesma casca que o encobria
volveu ao centro original.

(Tradução: Augusto de Campos)


O mundo estava no rosto da amada -

O mundo estava no rosto da amada -
e logo converteu-se em nada, em
mundo fora do alcance, mundo-além.

Por que não o bebi quando o encontrei
no rosto amado, um mundo à mão, ali,
aroma em minha boca, eu só seu rei?

Ah, eu bebi. Com que sede eu bebi.
Mas eu também estava pleno de
mundo e, bebendo, eu mesmo transbordei.

(Tradução: Augusto de Campos)




29 de ago. de 2009

O mito do desenvolvimento sustentável


Rui Kureda

Nos dias de hoje praticamente todos, incluindo políticos de direita e empresas conhecidas por suas práticas destrutivas, afirmam defender o meio ambiente. Isso reflete, além de uma grande dose de hipocrisia, o fato de que já se tornou senso comum a constatação de que o planeta está em perigo. Assim, governos, instituições financeiras como o Banco Mundial, além de grandes corporações, tentam demonstrar seu compromisso com investimentos voltados para amenizar a destruição ambiental.

A idéia que todos eles defendem atende pelo nome de “desenvolvimento sustentável”, que se refere um desenvolvimento capaz de prover “as necessidades da geração atual, sem comprometer a capacidade de atender as necessidades das futuras gerações. Essa idéia é praticamente aceita por todos, e com base nela se realizam ações envolvendo governantes, capitalistas e ONGs ambientalistas, unidos em torno da defesa do meio ambiente. Mas essa definição é vaga, pois não está claro o que significa ‘desenvolvimento’ e que são essas “necessidades”. Além disso, tampouco nos diz como atingir tal objetivo.

Praticamente a sua idéia central, e expressa de maneira bastante clara, é a necessidade de uma utilização racional dos “recursos naturais”, que permita a manutenção do atual sistema econômico de uma forma ambientalmente equilibrada. Não há nada que se refira à necessidade de uma mudança ou transformação da realidade. E é por isso que essa noção pode ser incorporada ao universo de preocupações do capital, pois expressa a necessidade de impedir o esgotamento da sua fonte de matérias primas necessário para a produção de mercadorias e para expansão permanente de mercados.

A crítica de Leonardo Boff

O teólogo Leonardo Boff afirma que o próprio conceito é uma contradição em termos, pois “a categoria ‘desenvolvimento’ provém da área da economia dominante”, obedecendo “à lógica férrea da maximalização dos benefícios com a minimalização dos custos e do tempo empregado.” Já o termo ‘sustentabilidade’ “provém do âmbito da biologia e da ecologia, cuja lógica é contrária àquela deste tipo de ‘desenvolvimento’. Por ela se sinaliza a tendência dos ecossistemas ao equilíbrio dinâmico e se enfatizam as interdependências de todos, garantindo a inclusão de cada ser, até dos mais fracos”.

É também um equívoco, pois afirma “como causa aquilo que é efeito”. Portanto, “a utilização política da expressão "desenvolvimento sustentável" representa uma armadilha do sistema: assume os termos da ecologia (sustentabilidade) para esvaziá-los e assim mascara a verdadeira causa do problema social e ecológico (tipo de desenvolvimento) que ele mesmo é.”

O teólogo denuncia o caráter ilusório do conceito, uma vez que postula um desenvolvimento “que se move entre dois infinitos: o infinito dos recursos da Terra e o infinito do futuro. A Terra seria inesgotável em seus recursos. E o futuro para frente, ilimitado. Ora, os dois infinitos são ilusórios: os recursos são finitos e o futuro é limitado, por não ser universalizável”.

A essas observações, caberia também apontar o fato de que o conceito não aponta as raízes reais da devastação ambiental, ao remeter a discussão apenas para o plano da racionalização da apropriação dos recursos naturais, sem levar em conta que um sistema baseado na expansão contínua do capital é completamente desprovido de qualquer racionalidade. Podemos dizer que o ‘desenvolvimento sustentável’ é a grande utopia do capital. Mas uma utopia que não pode ser realizada, pelo simples fato de que a ordem do capital é a negação da sustentabilidade ambiental.

As políticas insustentáveis do ‘desenvolvimento sustentável’

Mas esse debate não é apenas teórico, pois a sua adoção determina tanto políticas

governamentais quanto as ações e propostas da chamada ‘sociedade civil’, com impactos sobre o meio ambiente e a sociedade. É essa a política que tem sido implementada pelo governo Lula e pelo Ministério do Meio Ambiente. Os exemplos são muitos: licitação de florestas públicas para exploração comercial “sustentável”, o “manejo sustentável das florestas”, Plano Amazônia Sustentável, a política de licenciamento ambiental e as inúmeras Parcerias Público-Privadas, entre outros.

Infelizmente, o conceito vem ganhando força na sociedade. Muitas ONGs, movimentos sociais e organizações de esquerda embarcaram na ilusão de conciliar sustentabilidade ambiental e “desenvolvimento” capitalista. Com isso rebaixa-se a luta ambiental ao nível do conservacionismo e da política de mitigação de impactos.

Devemos, sim lutar para atenuar impactos. Devemos lutar pela conservação e preservação da natureza. Mas não como finalidades em si mesmas. São lutas imediatas de grande importância, mas são momentos de resistência que se somam a uma luta mais ampla de atingir uma sociedade realmente sustentável que só poderá se tornar realidade quando colocarmos uma pá de cal sobre este sistema predatório baseado na exploração do trabalho pelo capital.

Rui Polly

27 de ago. de 2009

Explicação espírita para o sofrimento de inocentes

A Justiça Divina, na perspectiva espírita, fundando-se no princípio da reencarnação, consegue explicar de forma lúcida o sofrimento gratuito do mundo material. Se aceito pela comunidade científica, o princípio da reencarnação ajudaria a comprreender os mecanismos (psicológicos, biológicos, estéticos...) que caracterizam essa Justiça evolucionária.
Nesse sentido, a Justiça Divina não assume um caráter punitivo, como ocorre nas demais religiões, mas um caráter de ajuste (do qual a dor é forja...), necessário para a elevação do Ser até Deus.

Sugestão de leitura: Alan Gauld



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15 de ago. de 2009

10 de ago. de 2009

B@sta de Parlamento Bicameral



O presidente nacional da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB), Cezar Britto, sugeriu hoje, em nota divulgada à imprensa, a renúncia imediata dos 81 parlamentares que compõem o Senado Federal e a convocação de novas eleições legislativas. Na opinião de Britto, essa seria a "solução ideal" para que a Casa recuperasse a credibilidade perdida por conta dos recentes escândalos que têm como pivô o presidente do Senado, o parlamentar José Sarney (PMDB-AP).

O Senado está em estado de calamidade institucional. A quebra de decoro parlamentar, protagonizada pelas lideranças dos principais partidos, com acusações recíprocas de espantosa gravidade e em baixo calão, configura quadro intolerável, que constrange e envergonha a nação. A democracia desmoraliza-se e corre risco.
A crise não se resume ao presidente da casa, embora o ponha em destaque. Mas é de toda a instituição - e envolve acusados e acusadores. Dissemina-se como metástase junto às bancadas, quer na constatação de que os múltiplos delitos, diariamente denunciados pela imprensa, configuram prática habitual de quase todos; quer na presença maciça de senadores sem voto (os suplentes), a exercer representação sem legitimidade; quer na constatação de que não se busca correção ética dos desvios, mas oportunidade política de desforra e de capitalização da indignação pública.

Não pode haver maior paradoxo - intolerável paradoxo - que senadores sem voto integrando o Conselho de Ética, com a missão de julgar colegas. Se a suplência sem votos já é, em si, indecorosa, torna-se absurda quando a ela se atribui a missão de presidir um órgão da responsabilidade do Conselho de Ética.

Em tal contexto, urge fornecer à cidadania instrumentos objetivos e democráticos de intervenção saneadora no processo político. A OAB encaminhou recentemente ao Congresso Nacional, no bojo de proposta de reforma política, sugestão para que o país adote o recall - instrumento de revogação de mandatos, aplicável pela sociedade a quem trair a delegação de que está investido.

Trata-se de instrumento já testado em outras democracias, como a norte-americana, com resultados positivos. O voto pertence ao eleitor, não ao eleito, que é apenas seu delegado. Traindo-o, deve perder a delegação. Não havendo, porém, tal recurso na legislação brasileira, prosperam discursos oportunistas, como o que sugere a extinção do Senado. A OAB é literalmente contra a extinção do Senado.

O Senado não pode ser confundido com os que mancham o seu nome. Precisa ser preservado, pois é o pilar do equilíbrio federativo. Diante, porém, do que assistimos, a sociedade já impôs à presente representação o recall moral. O ideal seria a renúncia dos senadores. Como não temos meios legais de impor esse ideal - único meio de sanear a instituição -, resta pleitear que se conceda algum espaço à reforma política, senão para salvar o atual Congresso, ao menos para garantir o futuro.


A capacidade de espalhar uma idéia pela internet é impressionante. Coisas como Suzan Boyle ou Cicarelli na praia têm poder de mobilização que atingem até mesmo os desconectados nos rincões do Brasil. Mas para isso é preciso haver interesse (de quem manda, e quem recebe). Por semanas acompanhei angustiado os acontecimentos desprezíveis no Senado Federal, sem ter muito o que fazer a não ser amaldiçoar os eleitores do Amapá, Alagoas e Pernambuco (que elegem e REelegem gente reconhecidamente desprezível). Mas eis que surge uma iniciativa com respaldo de uma importante instituição, com espaço na mídia tradicional. Agora só nos resta reverberar esse clamor - que, creio, representa o anseio da MAIORIA dos brasileiros, que infelizmente são (mal) representados por uma minoria com telhado de vidro - e fazê-lo ganhar massa crítica, que leve outras instituições (como a Associação dos Juízes Federais do Brasil (Ajufe), Associação dos Magistrados Brasileiros, ONGs e Sindicatos diversos) a apoiarem a causa. Está na hora de mostrar que O POVO é que deve ter sua vontade respeitada, e não ser refém de um colegiado de sanguessugas. Divulguem a iniciativa, acrescentando seu estilo, sua fala, sua indignação, e, mais importante, sua criatividade. Não adianta perturbar o Ashton Kutcher, somos NÓS (como povo) que criamos o problema, e nós (como povo) que devemos resolvê-lo. Mesmo que nunca votem a proposta (afinal, são as raposas cuidando do galinheiro) nós ainda podemos nos mobilizar pra NÃO REELEGER NINGUÉM.

Copiado sem autorização do Saindo da Matrix

8 de ago. de 2009

7 de ago. de 2009

O Cego

Não sei qual é a cara que mira,
quando miro a cara do espelho;
Não sei qual velho espreita no reflexo,
com silenciosa e cansada ira.

Lento em minha sombra, com a mão exploro
minhas invisíveis rugas. Um lampejo
me alcança. Eis que vejo teu cabelo,
que é de cinza ou mesmo de ouro.

Repito que tenho perdido somente
a vã superfície das coisas.
O consolo é de Milton e é valente,

porém, penso nas letras e nas rosas.
Penso que se pudesse ver minha cara
saberia quem sou nesta tarde rara.

JLB

1 de ago. de 2009

Cesaria Evora



Sodade Cesaria Evora

Quem mostra' bo
Ess caminho longe?
Quem mostra'bo
Ess caminho longe?

Ess caminho
Pa Sao Tomé

Sodade sodade
Sodade
Dess nha terra Sao Nicolau

Si bô 'screvê' me
'M ta 'screvê be
Si bô 'squecê me
'M ta 'squecê be

Até dia
Qui bô voltà

Sodade sodade
Sodade
Dess nha terra Sao Nicolau