29 de set. de 2009

Da Privacidade à Identidade

Descontextualizando a discussão sobre a relação entre o direito à privacidade e o direito à identidade, a partir de um comentário de César Maia:

O que é o direito à privacidade? É o direito que toda pessoa tem de decidir se torna público ou não a sua privacidade. E o que é o direito à identidade? É aquele que tem qualquer pessoa de ter um nome e uma nacionalidade, a conhecer seus pais e a ser cuidada por eles. Aonde nos leva esta distinção entre os dois direitos? A uma questão controversa que nos faz pensar sobre qual deles dever ser respaldado pela lei em cada caso, se o direito à privacidade ou o direito à identidade. Tanto a Declaração dos Direitos Humanos (1948), como a Convenção Internacional sobre os Direitos da Criança (1989), argumentam que o direito à privacidade e o direito à identidade deve ser invioláveis. (http://twitter.com/cesarmaia_)
(...)

Portanto, estabelecer uma jurisprudência geral, implica correr o risco de subestimar ou ignorar as especificidades. Cada pessoa envolvida em caso de DNA deveria ser capaz de decidir de forma autônoma, se prefere preservar o direito à privacidade ou o direito à identidade. Isso sempre que a sua decisão não prejudique terceiros ou envolva a ocultação de um crime. Generalizar, nesse sentido, é extremamente difícil e pode vir a ser arbitrário. Portanto a Justiça, antes de se decidir, deve incluir todas as variáveis em jogo e contemplar a singularidade no momento de avaliar o que será preservado: se o direito à privacidade ou identidade (http://twitter.com/cesarmaia_)

 
 

Quando, em defesa da privacidade, se criminaliza a identidade?

Quando, em defesa da identidade, se constrange a privacidade?

A privacidade não é desculpa para a execração da identidade.

O princípio da privacidade tem se sobreposto, historicamente, à identidade.

O princípio da privacidade tem servido, historicamente, de álibi para o crime.

O princípio da privacidade tem servido, historicamente, de mecanismo de dominação ideológica.

A privacidade é um conceito vergonhoso, de quem tem algo execrável a esconder, de quem prefere a o segredo da individualidade à transparência da coletividade.

Privacidade é egoísmo e dominação; identidade é solidariedade e generosidade.
 
A identidade precisa de visibilidade; a privacidade exige atos secretos.

Quando a identidade se converterá em príncipio mais elevado que a privacidade?


Será preciso esperar mais 5.125 anos? ou será preciso esperar mais 5.769
para que a identidade seja plena e não haja necessidade de construir um direito de privacidade sobre ela.

27 de set. de 2009

Down With The Clown: A verdade por trás do Coringa











coringa-02


Vilões são geralmente tão conhecidos quanto heróis, afinal de contas, eles são a outra parte da história. O outro lado da moeda. O outro gume da faca. Tidos como “ruins”, “malfeitores”, a maioria destes antagonistas destacou traços de sua personalidade que marcaram o público. A presença assustadora de Freddy Krueger, pronto para invadir seus sonhos, a dialética plenamente convincente e sedutora de Al Pacino em O Advogado do Diabo, a onipotência de Darth Vader… Até em animações os vilões são lembrados. São poucos aqueles que não se deliciam com o cinismo apresentado por Jeremy Irons para encarnar Scar, em O Rei Leão.

Todos esses vilões – e a maioria de todos eles – tem algo em comum: uma motivação. Seja por uma série de traumas, por dinheiro, por poder; todas suas ‘maldades’ são feitas em prol de um objetivo que lhes interessa. Como, então, combater um inimigo que não tem objetivo algum, senão a auto-destruição? Depois desta breve introdução, senhoras e senhores, convido-lhes a discorrer sobre aquele que, para mim, caracteriza um dos melhores vilões de todos os tempos – seja nas HQs ou no cinema: o Coringa.

Segure-se, leitor(a), e… Why so serious?


Batman: A Piada Mortal

Aviso: Deste ponto em diante, o artigo está sujeito a spoilers. Se você não leu A Piada Mortal, recomendo que compre uma edição ou simplesmente baixe da internet; esta não é simplesmente uma história em quadrinhos. É uma obra prima. O faça antes ou depois dessa leitura. Considerem-se avisados

Nessa, que é considerada uma das melhores histórias em quadrinhos de todos os tempos, o Coringa foge do Asilo Arkham e decide mostrar ao Homem-Morcego que basta um dia ruim para que uma pessoa normal enlouqueça. E ele decide testar essa hipótese justamente no Comissário Gordon. O Coringa vai até a casa dele, e atira em sua filha – Bárbara Gordon, até então a Batgirl. Em seguida, nos é sugerido de maneira subjetiva que ele a violenta sexualmente, documentando o ocorrido em fotografias.

Gordon é levado até um parque de diversões, torturado psicologicamente pelo Coringa que chega a colocá-lo em uma montanha russa, exibindo durante o percurso as fotos que tirou da própria filha de Jim. Quando Batman chega, encontra Gordon miraculosamente são. Ele decide, então, ir atrás do Coringa, para captura-lo.

A história termina de uma maneira genial: o Coringa conta uma piada sobre dois loucos que desejavam fugir do manicômio; eles sobem no telhado da instituição e vêem outro prédio próximo. Um deles pula, e consegue escapar. O outro, porém, fica com medo de cair. Seu amigo diz: “Ei! Eu tenho uma lanterna aqui. Vamos fazer assim: Eu a ligo, e você vem até aqui caminhando pelo facho de luz”. No que o outro responde, depois de balançar negativamente a cabeça: “Eu não! Acha que eu sou louco? Você vai desligar a lanterna no meio do caminho!”.

O Coringa começa a rir. Batman começa a rir. Os dois se aproximam, rindo muito… E a história acaba. Isto coloca em xeque toda a credibilidade do Homem-Morcego. Esse final genial, criado por Alan Moore, nos faz pensar: Batman é um herói, sim. Ele luta pelo crime. Mas é tão louco quanto o Coringa… afinal de contas, o homem veste uma fantasia de morcego e sai por aí combatendo marginais. Será que ele e o seu arque-inimigo são tão diferentes assim?

Essa questão é levantada no filme que, para mim, é o melhor de 2008. Numa das melhores adaptações de super-herói para a tela do cinema (na minha opinião, perdendo apenas paraWatchmen). O filme imortalizou Heath Ledger e enterrou de vez os videoclipes de Joel Schumacher (que eu me recuso a sequer proferir os títulos). Falaremos, a seguir, de:Batman: O Cavaleiro das Trevas. E o melhor Coringa de todos os tempos.

Batman sempre esteve acostumado a lidar com bandidos. Mafiosos. Pessoas que, por algum evento ou série de acontecimentos, só deseja – e só quer fazer – o mal à todos. Para eles, basta alguns socos e o Asilo Arkham – ou a cadeia.

No final de Batman Begins, porém, o Comissário Gordon entregou uma carta para Batman que fez todos os fãs ficarem com a sobrancelha erguida e o coração acelerado: a carta do Coringa. Durante anos, ficamos com a eterna dúvida: Seria outro fiasco à la Joel Schumacher, ou dessa vez teríamos o filme de ação definitivo? Afinal de contas, se em Begins– que conseguiu, com maestria, contar a história do Batman – já tivemos alguns vilões… seria essa a hora de meter o pé na porta, para cravar à ferro e fogo o “filme definitivo e insuperável do homem-morcego”?

Graças à Deus, para todos os fãs de cinema… Sim. E, como fã, não digo que a atuação de Christian Bale foi excepcional. Tiro aqui meu chapéu para Gary Oldman, Morgan Freeman e Michael Caine. Tiro todos os meus valores morais e possibilidades de respeito, porém, para apenas um ator: Heath Ledger. Heath Ledger fez o que, por muito tempo, soou como dúvida para fãs e críticos. Fez algo inimaginável. Indescritível. Insuperável. Heath Ledger nos trouxe o mesmo Coringa maníaco que pudemos observar em A Piada Mortal. Duvidam? Mergulhemos uma vez mais, então.

Pulemos para a cena do interrogatório (o que é uma lástima, pois eu adoraria comentar a mágica do lápis, mas…): o Coringa foi preso. Está na sala de interrogatório. Comissário Gordon entra lá e é recebido com um educado “Boa noite, Comissário” (dito de uma maneira tão macabra que me faria, no lugar do Comissário, dar um “boa noite” de volta e sair dali naquele instante). Apesar das perguntas de Gordon, o Coringa mantém-se irrefutável. Cínico. Medonho. O Comissário sai de cena e, nesse instante, se inicia um dos meus momentos favoritos do filme. Batman e o Coringa, frente a frente.

Bruce está nervoso. Quer respostas. Quer agilidade. O Coringa parece desfrutar, com prazer, de cada instante perto do Batman. O humor frio e real não vai embora. Enquanto Batman mantém-se direto e rápido, o Coringa analisa a situação como um todo. Mostrar-lhes-ei um pedaço desse diálogo; um dos diálogos que me lembraram muito de A Piada Mortal:

 - Por que você quer me matar?
- AhAhAHAHAhA! Eu não quero matá-lo! O que eu faria sem você? Voltar a roubar mafiosos? Não, não… Você… Você me completa.


Batman não passa do criador do Coringa. Se o homem vestido de morcego não existisse, o palhaço não existiria também. Talvez ele não aparecesse em Gotham. Se no filme a única exigência do Coringa é que o Batman revele sua verdadeira identidade… se ele não existisse, em primeiro lugar, nada disso aconteceria. Se este morresse, à essa altura do campeonato, nada mais faria sentido para o palhaço.

A cena que se segue mostra o Coringa denotando sua primeira faceta anarquista: ele deseja que Batman quebre sua única regra, que consiste em não matar. Para encerrar esta cena, irei apenas ressaltar seu grand finale: após revelar que Rachel também foi seqüestrada, Bruce perde a paciência e começa a agredir mais seriamente o Coringa. Ele ri. Ri gostosamente, enquanto tenta explicar que o Homem-Morcego terá que escolher apenas uma vida para salvar. Ao levar outro soco, ele ri de uma maneira que arrepia o espectador. Uma das minhas frases favoritas de todo o filme:

-Você não tem nada… Nada que possa usar para me ameaçar. Nada a fazer com toda sua força.

 
Batman decide ir buscar Rachel. Gordon vai atrás de Dent. Os lugares, como vocês sabem, foram dados em sua ordem contrária pelo Coringa. Agora, porém, avancemos para o instante primordial do filme: A cena do hospital.

Vestido de enfermeira, o Coringa mata um dos policiais que entra na sala e então vira-se para Dent, que acorda lentamente. O palhaço tenta convence-lo que a morte de Rachel não fora sua culpa. Que, enquanto tudo acontecia, ele estava preso na sala do interrogatório. Percebemos suas reais intenções no seguinte diálogo:

- Seus homens. Seus planos.
- Eu pareço mesmo um cara com um plano? Sabe o que eu sou? Sou um cachorro perseguindo um carro. Eu não sei o que faria com um, se o pegasse! A máfia tem planos. Os policiais têm planos. Gordon tem planos. Eles são planejadores. Planejadores tentando controlar seus pequenos mundinhos. Eu não sou um planejador. Eu tento mostra-los quão patéticas suas tentativas de controlar as coisas realmente são. Então… Quando eu digo – venha aqui – que você e sua namorada não foram nada pessoal… Você sabe que eu estou falando a verdade. São os planejadores que o colocaram onde você está. Você era um planejador… Você tinha planos… E, bem… Olhe onde isso te levou!

Acham que acaba por aqui? Não… Ele vai mais longe. 
 
- Eu só fiz o que faço de melhor. Eu peguei seu planozinho e o virei contra você! Olha o que eu fiz com essa cidade, apenas com alguns galões de gasolina e umas balas. Hm? Sabe… Ninguém se apavora se tudo acontece como o planejado. Mesmo se o plano for aterrorizante! Se amanhã eu falar à imprensa que um caminhão cheio de soldados explodirá, ninguém se aterroriza. Porque é tudo parte do plano. Se eu disser, porém, que um prefeitozinho velho vai morrer… Todo mundo perde a razão! Introduza um pouquinho de anarquia… Mude a ordem pré-estabelecida, e tudo se torna… Caos. Eu sou um agente do caos. E sabe a coisa boa dele? É justo.


Muitos devem ter perguntado-se: Qual a ligação do Coringa d’A Piada Mortal com o d’O Cavaleiro das Trevas? E aqui está a minha visão:

N’A Piada Mortal Coringa tenta mostrar ao Batman que basta um dia ruim para levar um homem aos seus instintos mais primários. Nesse caso, ele usa Gordon, o Comissário de Polícia. No filme, o Coringa leva Dent, o cavaleiro branco de Gotham, para o nível mais baixo: o nível de um vilão. Ao mesmo tempo, tenta utilizar dois grupos de pessoas e coloca-los em confronto, com a premissa que, para sobreviverem, teriam que assassinar muitos outros.

O que somos nós, senão o contrário do Coringa? Metidos em nossas vidas com rotina e planos. Sabemos tudo o que faremos durante a semana, talvez até durante todo o mês. E, se algo sai fora do planejado, enlouquecemos. Ficamos nervosos, ansiosos, quase loucos. Um mundo de regras inventadas por nós mesmos. Regras que aparentam não poderem ser quebradas, mas… Fomos nós que as inventamos. Somos nós que podemos destruí-las. Da mesma maneira que todos nós temos um Tyler Durden dentro de nossos corpos (tema para outro post tão extenso quanto este, aliás), todos também carregamos um Coringa, e, no fundo, estamos loucos para liberta-lo.

Não o faça agora. Não o faça do nada. Não o faça completa e inteiramente. Mas saiba que ele está aí. Rindo. Sem poder acreditar em como você consegue fingir que tudo vai ficar bem só porque você acha que amanhã vai fazer o que acha que vai fazer. E, toda vez que você se deita, ele pergunta em voz baixa: 

Why so serious?

E então, eu te pergunto: Por que tão sério?


*Luke Baranyi é nerd, cinéfilo, filósofo de boteco e dono do O Questionador

25 de set. de 2009

Máquina que faz livros sob demanda







Revista Galileu


A Expresso Book Machine reacende a polêmica, o que é melhor para o ambiente:
e-books, livros tradicionais ou o novo método? Avaliamos as opções para você

Em agosto de 2007, o desenvolvimento de uma máquina que imprimia e encadernava livros de cerca de 300 páginas em menos de cinco minutos ganhou tímido espaço na mídia. Inicialmente, o acervo de impressões contava 20 obras de domínio público, e cresceria à medida que a empresa responsável,* On Demand Books <http://www.ondemandbooks.com/home.htm>*, conseguisse direitos de outros títulos.

A primeira unidade da *Espresso Book Machine* foi para a sede do Banco Mundial, em Washington, EUA, e a segunda, para a biblioteca pública de Nova York, para ficarem em exposição, mais como uma curiosidade tecnológica do que como uma potente impressora de livros. Dois anos depois, o acervo da On Demand Books havia crescido para 1,6 milhão de livros, mas nem por isso muitas lojas aceitaram pagar US$ 100 mil pela EBM, que ficou restrita a oito lojas e mais algumas bibliotecas pelo mundo.

Essa situação se manteve até a semana passada, quando a On Demand Books anunciou uma parceria com o gigante Google, adicionando mais 2 milhões de títulos ao acervo, graças ao *Google Books*, serviço que oferece livros digitalizados pela empresa. Metade dos livros adicionados pelo buscador são de domínio público; a outra metade, por acordo com editoras, pode ser impressa integralmente. O Google Books ainda tem mais 5 milhões de títulos, que pode reproduzir parcialmente.

A iniciativa foi surpreendente pelo fato de o Google ir na contramão da incipiente leitura virtual, por meio dos leitores eletrônicos (e-readers) como o* Kindle*, da *Amazon,* ou o *Sony Reader*. Em vez de procurar um acordo com a Amazon ou com a Sony para a distribuição virtual dos títulos, a empresa optou pela tecnologia de impressão sob demanda: onde houver uma máquina, o consumidor poderá imprimir uma cópia da obra desejada em poucos minutos. O acabamento, garante a On Demand Books, é igual ao de um livro que se encontra em uma livraria.

"Ler livros digitais pode ser uma experiência agradável, mas nós percebemos que há momentos em que os leitores querem a cópia física de um livro", afirmou o gerente de produtos do Google, Brandon Badger, em um post publicado na semana passada no blog oficial do Google Books. “Esse anúncio [da parceria] é mais um passo para (...) ajudar as pessoas a acharem e lerem os livros de diferentes maneiras”, disse ainda no post.

Por enquanto, a máquina de US$ 100 mil ainda está localizada em poucas livrarias dos EUA, Canadá, Reino Unido e Austrália, e cada livro custa a partir de oito dólares. Os mais de 2 milhões de títulos de domínio público incluem peças de Shakespeare, antigos ensaios filosóficos e romances como “Alice no país das maravilhas”, de Lewis Carroll; “As aventuras de Sherlock Holmes”, de Arthur Conan Doyle; “Orgulho e preconceito”, de Jane Austen; “Moby Dick”, de Herman Melville; “Frankenstein”, de Mary Shelley; “Um conto de natal”, de Charles Dickens, e mais autores como H. G. Wells, irmãos Grimm, James Joyce, Franz Kafka e Oscar Wilde (somente os originais em inglês). 



*Impacto ambiental de livros tradicionais e e-books*

Poucos dias antes do anúncio da parceria acima, o grupo americano *Cleantech *, que desenvolve tecnologias não-poluentes, divulgou o estudo “The environmental impact of Amazon’s Kindle” (O impacto ambiental do Kindle, da Amazon), em que afirma que os *e-readers* ; podem evitar o lançamento de cerca de 10 milhões de toneladas de CO² na atmosfera até 2012. Até agora, 1 milhão de leitores da Amazon foram vendidos, e o impacto ambiental não foi muito significativo. No entanto, se a projeção para 2012 da empresa se confirmar, e as vendas totalizarem 14,4 milhões, o ganho ambiental será enorme, afirma o relatório.

Tanto os e-books (livros eletrônicos) quanto os tradicionais produzem gás carbônico em sua produção. Porém, segundo o estudo, comprar três títulos por mês durante quatro anos lança 168 kg de CO² quando se trata de e-books, e 1.074 kg quando são livros de papel e tinta, uma relação de um para sete. 

Os livros sob demanda, produzidos pela Espresso Book Machine, também são alardeados como menos prejudiciais ao meio ambiente. Apesar de emitir CO² na produção de papel e tinta e na impressão, o sistema sob demanda não tem gastos com o transporte dos livros, e não há desperdício de livros que não são vendidos e voltam para o fabricante (taxa calculada em cerca de 30%).

De acordo com um relatório de 2007 do Grupo de Estudos da Indústria do Livro, a produção e comercialização dos livros sob demanda emitem metade do gás carbônico que os processos tradicionais. É um bom índice, mas os e-books ainda produzem 70% menos CO² que o novo processo, mesmo com gasto de energia e com a produção dos componentes eletrônicos. 

*Influência na leitura*

De acordo com o site britânico PC Pro, soldados do Reino Unido que estão servindo no Afeganistão pediram, como presente de natal, um leitor eletrônico. Além da praticidade de armazenar grande conteúdo, o gadget é ideal para as tropas porque, ao contrário de um mp3 player ou iPod, ele não bloqueia a audição, imprescindível para a situação.

Um fato como esse comprova que os leitores eletrônicos conseguiram relativa consolidação e renome no mercado. A praticidade é inegável – *o estudo sobre os leitores eletrônicos afirmou que um e-reader substitui, em média, a compra de 22,5 livros*. A venda de 1 milhão de Kindles até agora, e a previsão otimista de aumento nas vendas da Amazon, que tem 45% da fatia do mercado americano de e-readers, passa a impressão de que os leitores eletrônicos vão se popularizar.

Aqueles que não largam o livro de papel de jeito nenhum, porém, ganharam mais uma opção – um pouco mais ecológica e prática que o método tradicional. Resta saber se tanta praticidade vai realmente levar as pessoas a lerem mais, ou se aquela máquina de US$ 100 mil será apenas mais uma curiosidade tecnológica.


*Veja no you tube:*



*Como imprimir um livro em cinco minutos*

1) O usuário seleciona o livro desejado na base de dados interna. Ele pode fazer isso a partir de sua casa ou em um terminal da máquina. Neste último caso, pode ainda levar (em CD, pendrive etc.) uma cópia consigo de qualquer obra que queira imprimir, desde que esteja no formato PDF. Podem ser impressos livros de 40 a 830 páginas;

2) Uma impressora de alta velocidade (110 páginas por minuto) imprime, em preto e branco, as páginas do miolo do livro em formato A4;

3) As páginas impressas caem num coletor para ficarem alinhadas;

4) Simultaneamente, outra máquina imprime a capa do livro em formato A3 em um papel de melhor qualidade. Esta capa desliza para baixo da máquina, com a face impressa para baixo, aguardando o miolo do livro;

5) Depois que o miolo do livro está impresso e alinhado no coletor, ele é apanhado por uma garra e viaja verticalmente até a capa;

6) A parte de baixo do miolo é lixada para absorver melhor a cola quente, que é aplicada logo em seguida;

7) O miolo do livro desce até a capa, que é dobrada em torno do livro;

8) Duas prensas apertam o livro na lombada, para garantir que as páginas sejam bem coladas;

9) O livro vai para uma guilhotina, que corta o conjunto em qualquer formato entre A4 (21cm x 29,7cm) e 11,4cm x 11,4 cm;

10) Pronto! Esse processo dura poucos minutos. 




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24 de set. de 2009

O teste da banheira


Durante a visita a um hospital psiquiátrico, um dos visitantes perguntou ao diretor: - Qual é o critério pelo qual vocês  decidem quem precisa ser hospitalizado aqui?
Respondeu o diretor: - Nós enchemos uma banheira com água e oferecemos ao doente uma colher, um copo e um balde e pedimos que a esvazie.
De acordo com a forma que ele decida realizar a missão,nós decidimos se o hospitalizamos ou não.
- Entendi - disse o visitante - uma pessoa normal usaria o balde, que é maior que o copo e a colher !!!
 - Não - respondeu o diretor - uma pessoa normal tiraria a tampa do ralo.

O que o senhor prefere? Quarto particular ou enfermaria?

A vida tem muito mais opções do que achamos.

E, muitas vezes, elas são tão óbvias quanto o...   ralo. 

23 de set. de 2009

O "maravilhoso" mundo do Twitter

Assembleias Legislativas não prestam contas e atuam sem controle

Assembleias Legislativas são pouco transparentes, não prestam contas e atuam sem controle


A Transparência Brasil apresenta o estudo Assembleias sem controle,
em que demonstra que os parlamentos em âmbito estadual não
disponibilizam dados a respeito de seus integrantes e quando
questionadas em geral não respondem.

O quadro de descontrole se agrava pela omissão dos entes
públicos que deveriam monitorar as Assembleias Legislativas: Tribunais
de Contas e Ministérios Públicos estaduais na quase totalidade dos
casos se eximem de qualquer responsabilidade.

As conclusões decorrem do seguinte exercício levado a cabo pela
Transparência Brasil: enviaram-se ofícios a Casas legislativas,
Tribunais de Contas e Ministérios Públicos de todos os estados e do
Distrito Federal solicitando informações a respeito dos salários e
benefícios diretos e indiretos recebidos pelos deputados estaduais e
distritais.

Dois meses após envio dos ofícios, apenas 33 dos 81 entes
consultados acusaram o recebimento das solicitações. Isso não
significa, contudo, que todas essas respostas esclareceram as dúvidas
levantadas.

Partindo das 33 respostas, somente se alcançam os dados para
oito Casas legislativas. Em consulta aos sítios de Internet das
Assembleias foi possível recolher informações a respeito de outras
duas.

Assim, mesmo após exaustivos contatos e consultas, obteve-se informação a respeito de apenas dez Assembleias.

Além de alertar para a falta de transparência das Casas
legislativas e para o descumprimento de responsabilidades
constitucionais por parte dos Tribunais de Contas e Ministérios
Públicos, o estudo apresenta uma análise do posicionamento dos três órgãos em cada estado.

Eis algumas das informações que afinal se conseguiu reunir:

  • Na Câmara Legislativa do Distrito Federal cada parlamentar tem direito a quase R$ 100 mil por mês para pagar "assessores".
  • Na Assembleia do Rio, cada deputado pode gastar até R$ 3 mil ao mês em telefonemas e R$ 2 mil em combustível.
  • Os estipêndios a que tem direito um deputado estadual do Ceará equivalem à riqueza média produzida por 80 habitantes do estado.
  • Na Assembleia do Rio Grande do Norte, a verba "indenizatória",
    uma espécie de ajuda de custo recebida por cada parlamentar, é de R$ 24
    mil ao mês.

Outras informações a respeito dos deputados estaduais — e também de
senadores, deputados federais e vereadores das capitais estaduais — são
encontradas no Excelências, projeto da Transparência Brasil que reúne diversas famílias de informação sobre os mais de 2 mil parlamentares que integram as
principais Casas legislativas brasileiras. Informações essas que são coletadas de diversas fontes.

Para consultar o projeto Excelêncas, vencedor do Prêmio Esso 2006 na categoria Melhor Contribuição Jornalística, acesse www.excelencias.org.br


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22 de set. de 2009

Cesar quer saber quando morro

Cesar, há muito tempo, espera meu "acidente" (bala, moto ou vício). Como se resolverá isso?  Quando esta noite findará? Rosh Hashaná.
Todo dia é ano novo. O sol, César, séculos e séculos, silenciosamente, aquecendo nosso abandono. Que inventamos? A vergonha, a violência, a inutilildade das mulheres, as sociedades secretas dos homens. Poderíamos ter inventado a alegria, a equidade, a justiça, a benevolência, a verdade, a fraternidade, o elogio da maternidade.
Inventamos a nanotecnologia e esquecemos as lombrigas dos ribeirinhos. Criamos ribeirinhos para nossa alimentação. Rapazes da Febem para servir aos deputados e velhos de São Paulo...
Criamos Fausto e precisamos beijar a cruz para ser aceito na sociedade dos homens...
Crítica da cultura.
Quem está feliz não critica, canta.
Gorjeia no twitter.
A pureza de Cristo é mais revolucionária que todos os trotskista do PSOL. 
O cristo das igrejas é um cristo vestido, vendido, falso, ensanguentado - apenas um mecanismo de dominação ideológica.
A verdadeira luta não é mais enfrentar os leões nas arenas de Roma. Agora, a luta é enfrentar os processos de dominação que embrutecem e estagnam.
A linha Spartacus é se fazer odiado pela classe dirigente.
A linha Cristo é se fazer amado pela classe dirigida.
Fazemos nossa escolha todos os dias.







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21 de set. de 2009

Sérgio Rosa e o Mundo dos Fundos

Este texto é muito importante para entender a história política brasileira desta década. Conseguir ler o que está escrito nas entrelinhas é fundamental para compreender o sentdo do jogo do poder.

Fonte: Revista Piaui

Faltava pouco para as nove horas da noite de uma chuvosa sexta-feira de junho quando Sérgio Rosa entrou no salão de festas do clube dos funcionários do Banco do Brasil no Rio, que fica em frente à Lagoa Rodrigo de Freitas. Carregava uma caixa de uísque Red Label, vestia camisa cor-de-rosa e calça cáqui e tinha ao lado o filho Mateus, de 12 anos, que usava uma roupa exatamente igual. Compenetrado, inspecionou as mesas cobertas com toalhas verde-claras, sobre as quais havia velas, flores e guardanapos brancos. Perguntou ao dj se estava tudo certo com a aparelhagem de som e cumprimentou os garçons. Sérgio Rosa acompanhou passo a passo a organização da festa do seu aniversário de 50 anos. O convite foi ele mesmo quem bolou: um jornalzinho intitulado Tribuna do Sérgio Rosa - fundado em 23 de junho de 1959 (data do seu nascimento). Logo abaixo, uma foto dele menino e outra, atual, de óculos, cabelos negros sem um fio branco, e um raro sorriso. Junto delas, a afirmação: "Pronto. Cheguei até aqui. Meio século de vida. O que posso falar desse tempo e de mim?" O garoto de calças curtas tornou-se presidente do maior fundo de pensão da América Latina, Previ, a caixa de previdência dos funcionários do Banco do Brasil, que tem um patrimônio de 121 bilhões de reais. Comanda a entidade desde que o Partido dos Trabalhadores subiu ao poder. A Previ é sócia de algumas das maiores empresas do Brasil, entre elas a Vale do Rio Doce, de mineração, a Oi/Telemar, de telefonia, a Brasil Foods, de alimentos, e a Empresa Brasileira de Aeronáutica, fabricante de aviões. No jornalzinho-convite, Sérgio Rosa aludiu a um verso de Fernando Pessoa para dizer que espera um futuro "que valha a pena, e que a alma não seja pequena. Com minha mulher, meus filhos, amigos, companheiros e parceiros". Nenhum dos grandes empresários que são parceiros da Previ foi à festa. Os amigos e companheiros compareceram em peso.

Pouco antes das 10 horas, entrou no salão o presidente do pt, Ricardo Berzoini, acompanhando a mulher de Sérgio Rosa, Gema, uma morena magra e sorridente, trajando um vestido preto com um cinto prateado. Chegou em seguida Luiz Gushiken, o ex-ministro de Comunicação de Lula. O círculo íntimo do aniversariante se fechou com a entrada de Wagner Pinheiro, o presidente da Petros - o fundo de pensão da Petrobras -, de Guilherme Lacerda, dirigente da Funcef - o fundo da Caixa Econômica Federal -, e do gerente executivo de Comunicação Institucional da Petrobras, Wilson Santarosa, que é também presidente do Conselho Deliberativo da Petros.

Na última campanha de Ricardo Berzoini para deputado, Sérgio Rosa, Wagner Pinheiro e Guilherme Lacerda doaram, cada um, 10 mil reais para o amigo. À exceção de Lacerda, o grupo é egresso do sindicalismo bancário paulista, liderado nos anos 70 e 80 por Gushiken. Eles fizeram oposição aos pelegos ligados à ditadura e ao Partido Comunista Brasileiro, foram eleitos para a diretoria do sindicato e participaram da formação do pt e da Central Única dos Trabalhadores, a cut. Por fim, migraram para os fundos de pensão de companhias estatais, nos quais combateram as privatizações promovidas pelos tucanos durante o governo de Fernando Henrique Cardoso. Com Lula no poder, chegaram à presidência dos fundos, passaram a defender as privatizações e a gerir centenas de bilhões de reais.

Sérgio Rosa nasceu em São Paulo, numa família de classe média no bairro da Penha. Seu pai veio de Portugal com 17 anos para trabalhar com um dos catorze irmãos, dono de um açougue na cidade. Continuou no ramo e montou seu próprio negócio, o Açougue Gouvêa. Aos 13 anos, Sérgio Rosa foi convocado pelo pai para aprender o ofício. Todos os dias, depois das aulas na escola pública, o menino rumava para o açougue. Sua função era desossar as carnes, coisa que odiava. A parte mais terrível era limpar peças de contrafilé, cheias de ossinhos. "Eu não tinha a menor habilidade, ficava lá manobrando a faquinha, mas era um desastre", contou Sérgio Rosa durante um almoço num restaurante carioca, onde comeu peixe grelhado com espinafre. "O pior de tudo era ficar com a carne entranhada debaixo das unhas."

O texto é longo e continua aqui:

http://txtb.in/4JY



18 de set. de 2009

Um idiota vendendo armas aos americanos idiotas

Vejam como esse americano idiota elabora um discurso todo tosco, meio linguiça, meio lombriga, ( ele sabe que ninguém entende Marx, mesmo!), para promover o elogio da indústria de armas.

Eu aposto uma língua que ele é incapaz de fazer o elogio da Não-Violência Ativa, ou, então, de condenar veementemente a guerra como solução dos conflitos.

Ele não fará isso, porque, com certeza, está sendo financiado pela indústria bélica americana.

O pior é que há gente com mais de dois neurônios que se deixa enganar...





Curta Green Day - é preferível alienar-se a virar marionete de idiotas armados!!!






Quanto custa um político no Brasil?


fonte: Mundo Estranho

por Fred Linardi

O presidente recebe 12 mil reais de salário, enquanto deputados federais e senadores faturam 16,5 mil reais mensais para servir a pátria. Os políticos também contam com auxílio para alimentação, viagens e outras despesas pessoais, além de um orçamento para pagamento de assessores e manutenção de gabinete. A remuneração dos quase 600 parlamentares do Congresso Nacional vem de uma verba federal obtida a partir do pagamento de impostos, ou seja, do seu próprio bolso, caro (e)leitor. Para conferir se o seu dindin está sendo bem gasto, a ME cruzou dados sobre salários de governantes e legisladores brasileiros nas esferas municipal, estadual e federal e também comparou alguns valores caseiros com remunerações e despesas políticas de outros países. $:-)

PRECINHO POPULAR
Lula ganha bem menos que alguns colegas estrangeiros, mas nossos deputados custam mais para o povoEUA
custo mensal de até R$ 316 mil

Brasil
custo mensal de até R$ 117 mil

Alemanha
custo mensal de até R$ 83 mil

França
custo mensal de até R$ 61 mil

Reino Unido
custo mensal de até R$ 58 mil

Chile
custo mensal de até R$ 45 mil

HOLERITE FEDERAL
Esta lista vale para deputados federais. Senadores têm mais verbas e custam até R$ 30 mil a mais

SALÁRIO R$ 16,5 mil (incluindo 13º, 14º e 15º salários)

VERBA INDENIZATÓRIA até R$ 15 mil (alimentação, segurança, combustível etc.)

AUXÍLIO-MORADIA R$ 3 mil

COTA POSTAL R$ 4 mil

VALE-TRANSPORTE AÉREO de R$ 4,7 mil a R$ 18,7 mil

VERBA DE GABINETE R$ 60 mil (pagamento de até 18 assessores)

TOTAL até R$ 117 mil/mês

ORDENADO PRESIDENCIAL
O primeiro-ministro Lee Hsien Loong, de Cingapura, é o líder mundial com o contracheque mensal mais generoso 

Pelos valores da campanha eleitoral, Lula gastou R$ 1,96 por voto, em 2007. Obama gastou R$ 80, em 2009 

Cingapura R$ 403 mil 
EUA R$ 77 mil
França R$ 58 mil
Chile R$ 21,5 mil
Brasil R$ 12 mil

GOVERNADORES ESTADUAIS (dados de 2007)
O governador mais caro é o de Alagoas, bancado pela renda de 40,5 habitantes*

MAIOR SALÁRIO R$ 24,5 mil (Paraná)
MENOR SALÁRIO R$ 7,14 mil (Rio Grande do Sul)

PREFEITOS EM CAPITAIS (dados de 2007)
Macapá (AP) tem o prefeito mais caro, pois recebe a renda de quase 23 habitantes

MAIOR SALÁRIO R$ 23,9 mil (Curitiba (PR))
MENOR SALÁRIO R$ 8,4 mil (Florianópolis (SC))

VEREADORES EM CAPITAIS (dados de 2007)
São Paulo gasta mais de R$ 510 mil por mês, pagando o salário de 55 vereadores

MAIOR SALÁRIO R$ 9,5 mil (Campo Grande (MS))
MENOR SALÁRIO R$ 3 mil (Vitória (ES))





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17 de set. de 2009

Dilema: O Futuro da Humanidade e a Nova Ordem Mundial

A nova ordem mundial? Certo, isso já é assunto velho. Entretanto, eu só hoje vi o vídeo. Ando esquentando os dois neurônios com a ideia de que a Transparência deve ser um princípio forte neste século (e transparência verdadeira, e não apenas maquiagem para enganar os tolos – como a urna eletrônica sem auditoria).
O fato de não saber muita coisa me deixa angustiado. Por que Nelson Jobim foi para a Defesa? Por que Mangabeira Unger foi dispensado? O Brasil está se preparando para ser líder ou apenas foi promovido a braço armado dos EUA?
E tu, leitor esporádico, não te dói a hipótese de ser controlado por outro; não te dói perspectiva de ter anulada a tua individualidade em função de interesses da coletividade ( como o justifica a tese da fundação do Estado)?
Há um liame saudável entre a paranoia e a teoria da conspiração – liame que pode significar a sobrevivência do indivíduo (ou da espécie!).




este vídeo pertence originalmente a: www.casaleggio.it
e traduzido originalmente pelo canal: deusmihifortis

16 de set. de 2009

Plano de duas feministas

Através de Le Monde

Fabiane Borges, Hilan Bensusan

(10/03/2009)

Preliminares? Conheci Élida no fim dos anos 60, acho que numa manifestação um pouco antes do AI-5. Encontrei-a muitas vezes na casa de Joyce, uma militante que reunia apenas mulheres na sua casa às sextas-feiras, depois que o regime fechou. Eram reuniões intermináveis. Muitas vezes ficávamos todas bêbadas e víamos pela fresta da janela do apartamento no Leme o sol nascer na praia. Joyce havia estado nos bastidores da passeata dos 100 mil, mas naquele ano estava se desquitando e andava querendo descobrir a solidariedade feminina. Sua solidariedade às vezes parecia intimidade – ela queria achar que na cama o feminismo é lesbianismo. Élida não parecia ter achado isso, mas quase não saía daquele apartamento. Elas eram o núcleo de uma conspiração de mulheres com braços por todos os lados. Éramos todas jovens mulheres de menos de trinta anos e já quase todas esposas. Depois vieram os anos duros, muitas perderam amigos, tiveram maridos desaparecidos e quase todas exilaram-se. Ainda lembro daquelas noites como espaços abertos em nossas vidas cada vez mais encurraladas. Élida tornou-se psicóloga e saiu pelo mundo – acho que se exilou logo depois que a Joyce parou com suas reuniões de sextas-feiras. Tinha notícias dela de Paris, da Turquia, de praias remotas escrevendo livros. Encontrei-a depois de mais de trinta anos na saída de um evento sobre travestismo e prazer. Ela não havia mudado quase nada, os mesmos cabelos pretos – ela sempre pintava – os olhos verdes e muitos panos cobrindo os ombros. Eu acho que a reconheci primeiro porque eu sei que eu estava muito mudada. Sentamos em um café e eu disse:

— Élida, você tá ainda tão bonita, não mudou nada, me conta tudo, tudo! Bem devagar...

— To fodida minha nega! Tô voltando pro Rio cheia de idéias, mas sem conseguir botar os pés no chão até hoje. Ainda me apaixonei por um estudante da faculdade, isso ta me deixando alcólatra de novo... Um uísque com gelo, por favor!

— Ah, é aquele moço que estava conversando com você? Ele é muito bonito mesmo, pensei que fosse um transexual...

— Não, nem é. Eu também andei azarando esse, mas saí em seguida, é muito cheio de neura e me chamava de mami quando a gente trepava, ahi é demais pra mim. Queria tanto ser chamada de novo de princesa, linda, essas coisas que a gente ouvia naquela época, quase quarenta anos atrás, o tempo voa amiga. Ando tão nostálgica ultimamente. Na real nesses últimos anos tenho a maior despesa do mundo com os homens. Quem diria! Mas pelo menos me divirto ainda, tem gente daquela época, os que sobraram, que não fazem idéia do que seja isso. Querida, conta de você, o que aconteceu com você?

— Élida, você se lembra da Aninha, que era amiga da Joyce também, que morava na Urca e que era casada com um coronel da repressão, lembra? Então, neguinha, estamos juntas há mais de vinte anos, morando ali em Ipanema, cê acredita?

— Ahahahahha, que ótima história. O coronelão deve ter ficado furioso! Caralho, você roubou a primeira dama do quartel! Alias, você comeu quase todas aquelas feministas, eu lembro bem que tive que ser dura com você...

— Todo mundo dizia que você era a namoradinha da Joyce... eu quase nem me atrevia. Mas ó, foi a Roberta, uma das solteiras, foi a Lucia, foi a Marlene... não sei quantas. A Joyce também fez as suas investidas, mas ela nunca me deu tesão, cê acredita?

— Acredito, a Joyce tinha algo de travecona, até hoje ela é desajeitada, mas tá muito bonita, com uma pousadinha nos Pirineus, casou com um francês uns quinze anos mais jovem, um gato, ahahah, charmoso!. Me conta, você não ficou com homem nenhum desde aquela época?

— Bem, eu era casada com o Fernando, você se lembra dele? A gente era até feliz, revolucionários juntos, e tudo. Tínhamos um casamento aberto e eu sabia que ele dormia com a Joyce e com a Lucia de vez em quando. Depois que ele mudou para o México, que a coisa apertou, eu fui com ele, mas me convidaram para dar aulas aqui e eu voltei sozinha. Você sabe que nós nunca divorciamos? Depois teve o Fonseca, que me enloquecia na cama, mas que era discordância política sem parar – tipo ele era do governo Chagas Freitas... A separação foi foda, minha irmã, ele me procurava quase toda noite etc. Foi nessa época que eu reencontrei a Aninha...

— E abandonou os homens.

— Ih, amiga, essa coisa de abandonar eu não acredito. Acho que aquilo que já me erotizou algum dia, nunca deixa totalmente de ser excitante. Além disso, com o tempo mais coisas me excitam, mais coisas me parecem sensuais. Os homens me deram muito prazer... O Fernando, o Fonseca... Sabe que tem uns três anos, o Fernando passou uns seis meses aqui no Rio e não saía lá de casa. Você sabe que já não temos idade para transar os três juntos toda noite, mas tiramos uns bons caldos. A Aninha sim é que não dava para um homem há mais de dez anos, depois disso encontrou o Carlos que não sai lá de casa, mas quase não transa comigo...

— Regina, eu tava pensando muito nessas crises universais da terceira idade, querida, foi ótimo encontrar você, perfeito!!! Eu estou voltando pro Rio de Janeiro e estou com uns contatos em Salvador e em Natal, você sabe, sou pragmática até o útero. To afim de montar um Bordel de Homens, pra atender nossos, digamos, desatinos eróticos. Tava mesmo precisando de uma sócia, o que você acha de montarmos um plano?

— Élida, Élida, tuas idéias. Eu... eu... eu topo. Acho que na minha idade homens são necessários apenas para me divertir – aliás eu sempre achei isso. Eu estou certa de que eu nunca teria uma relação como a que eu tenho com a Aninha com um homem. Mas, nunca deixei de tentar me aproximar deles. Acho que um bordel seria uma boa maneira de me aproximar dos homens, eles adoram as mulheres que lhes ofereçam outras mulheres... Mas você tá pensando em um bordel só pras que tão virando o cabo da boa esperança como nós?

— Não, achei que o fato de estarmos velhas, é uma inspiração, mas na real sempre pensei no que seria um bordel que atendesse vários tipos de desejos, sem exploração dos trabalhadores, com oficinas de formação para vários segmentos e ainda por cima, massagens eróticas, nega!!!

— Você sabe que eu e a Aninha passamos seis meses em Moçambique – já fazem uns 15 anos. Lá a gente frequentou uma escola de sexo por um mês. Era uma escola para mulheres apenas, aprendemos pompoarismo, fizemos lulas na buceta... ahahahah, olha, os homens podem até não gostar do meu corpo e muitos nem se excitam comigo, mas quando eles metem em mim, eu faço coisas que eles nunca sentiram antes – é por isso que eu tenho uns amantes que sempre voltam... Élida, eu sempre quis ensinar pompoarismo para as velhas – acho que é o segredo das bruxas: ou saímos voando de vassoura ou seguramos os paus dos caras com os músculos da nossa xana... hahaha...

— Bom, isso também pode entrar, só quero ter cuidado para não formar uma escola. Por favor, escola não. Tem que ser um bordel, pra sacanagem, e podemos conjuntamente dar uns cursos. Mas sabe que eu preferiria que esse bordel fosse descentralizado. Como um bordel virtual que tivesse alguns contratos de locação com pequenos e grandes hotéis do país. Que tivéssemos encontros virtuais e presenciais entre a equipe de trabalhadores e também cursos para formação de profissionais do sexo, homens, mulheres, travestis, lésbicas, todo esses LGBTTs. Criamos um nome fictício, e a partir dessa “marca” podemos oferecer cursos abertos como o de pompoarismo. Queria que tivéssemos também alguns pequenos lugares ao longo do Brasil, como um no interior de São Paulo, outro em Salvador e conforme for indo os negócios vamos comprando mais alguns, com associados locais, para que a gente pudesse ter a distribuição do prazer para todos que precisam, num preço legal e com equipe altamente qualificada. E também para termos nossos próprios espaços para as imersões de equipe e também para os cursos.

Para ver mais: http://txtb.in/4Gy

http://txtb.in/4Gy

14 de set. de 2009

Tempo de Limpar

As religiões judaico-cristãs passaram milhares de anos sacralizando o Anus (como se cu tivesse algo de sagrado!). Quando aparece alguém, que tem a coragem de dessacralizar a bunda, devemos louvar e dar glória a Deus.

Não se trata de voltar ao estado de Natureza, mas de elevar a civilização ao nível da Verdade, com mais transparência e mais fraternidade.

As religiões judaico-cristãs penalizaram tanto o mundo com suas idéias punitivas de pecado original que até falar em limpar o cu é constrangedor.

Vejam o vídeo:

10 de set. de 2009

Vinte bases militares estadunidenses buscarão isolar a Venezuela do mundo

via Fundação Lauro Campos
Internacional
Manuel Alexis Rodríguez
Seg, 07 de setembro de 2009 14:06

Bases militares norte-americanas na Colômbia

Caracas, 17 Ago. ABN - Um total de treze (13) bases militares estadunidenses, localizadas estrategicamente em países aliados de Washington, rodeiam atualmente a Venezuela. Com o acordo em matéria de "cooperação e assistência técnica em defesa e segurança", que subescreverá nas próximas semanas Colômbia com Estados Unidos, e que permitirá a soldados norte-americanos usar sete novas bases militares na Colômbia, a cifra se incrementará a vinte (20).

Estados Unidos cercaram militarmente a Venezuela. Pelo norte - no Mar do Caribe -, tem bases em Cuba, Puerto Rico, Aruba e Curazao. Pelo noroeste - na América Central -, tem bases em El Salvador, Honduras e Costa Rica, ademais da Escola das Américas no Panamá. Pelo oeste, tem três bases aliadas na Colômbia - Arauca, Larandia e Tres Esquinas -e logo serão dez instalações militares. Pelo sul, EEUU maneja duas instalações no Peru e outra no Paraguai.

O único motivo pelo qual Estados Unidos não construiu bases militares a este da Venezuela é porque por desse lado Venezuela limita praticamente com o Oceano Atlântico.

América Central

Na República de El Salvador se encontra a Base Militar Comalapa, um posto de Operações Avançadas (FOL, por sua sigla em inglês) utilizado para o monitoramento por satélite da região e de apoio a outras bases. Seu pessoal tem acesso a portos, espaço aéreo e instalações governamentais.

Na República de Honduras está a Base Soto Cano, em Palmerola. É utilizada como como estação de radares, de apoio para treinamento e para missões de helicópteros que monitoram os céus e as águas da região; são chaves nas operações militares. Dali se gerou o golpe de Estado contra o presidente constitucional Manuel Zelaya.

Na Costa Rica, possui a Base Militar Liberia, que, ao localizar-se na parte continental da América Central, funciona como centro de operações durante negociaciones preliminares e confidenciais.

Enquanto que no Panamá, ainda que não possua uma Base Militar, funciona a Escola das Américas, atualmente denominada 'Instituto de Cooperação para a Segurança Hemisférica', onde são treinados os mercenários estadunidenses.

América do Sul

Na Colômbia, os norte-americanos contam com três bases militares. A primeira delas é a Base Militar de Arauca, projetada para "combater" o narcotráfico na Colômbia, mas realmente utilizada como ponto estratégico para o monitoramento da zona petroleira, especialmente a da Venezuela. Outra instalação é a Base Militar em Larandia, que serve como base de helicópteros dos EEUU. Possui uma pista de aterrissagem para bombardeios B-52, uma capacidade operacional que ultrapassa o território colombiano e permite uma cobertura para ataques em quase todo o sul do continente. A terceira base na Colômbia é a Base Militar Tres Esquinas, que serve para operações terrestres, helitáticas e fluviais, ademais de haver-se convertido num ponto estratégico para ataques contra a guerrilla. Essa instalação é receptora permanente de armamentos, de logística e serve para o treinamento de tropas de combate.

A República do Peru tem dentro de seu território duas bases militares estadunidenses: Iquitos e Nanay. O governo diz que essas bases pertencem às forças armadas peruanas, mas foram construídas e são utilizadas por soldados estadunidenses, que operam na zona fluvial Nanay, na amazônia peruana.

Na República do Paraguai se encontra a Base Mariscal Estigarribia, desde maio do ano 2005 quando o governo dos Estados Unidos assinou um tratado com a admistração paraguaia para instalar a base militar na cidade de Mariscal Estigarribia, província de Boquerón, no chamado Chaco Paraguayo.

O Caribe

A principal, também a mais antiga, é a Base Naval de Guantânamo, localizada próximo de Santiago de Cuba, a cidade mais importante do país depois de La Habana. Foi construída en 1903 e abarca uma área de 117,6 quilômetros quadrados, entre terra firme, mar, água e pântano, além de delimitar uma linha de costa de 17,5 quilômetros.

Em Porto Rico, Estado Associado aos Estados Unidos, se localiza a Base de Vieques, uma ilha adjacente, com 35 quilômetros de comprimento. A base ocupa 70% do território da ilha. Anteriormente, nessa instalação operava o Comando Sul, agora localizado em Miami, mas é utilizada para operações especiais e como quartel regional do exército, da marinha, e das forças especiais.

Entretanto, há outras duas instalações, a Base Militar Reina Beatriz, em Aruba, e a Base Militar Hatos, em Curazao. São utilizadas para o monitoramento via satéçite e como apoio para o controle de vigilância do Mar do Caribe.

Sete bases

A decisão do Pentâgono, ministério da guerra dos Estados Unidos, de instalar novas bases em solo colombiano, surgiu no mesmo momento em que o presidente do Equador, Rafael Correa, ordenou a expulsão e o desalojamento da Base Militar e Aeronaval de Manta.

Essa instalação era o principal centro de espionagem eletrônico, com tecnología via satélite, do Pentágono na América do Sul e era utilizada como plataforma logística de inteligência militar para o desenvolvimento de operações coordenadas pelo Comando Sul.

A nova administração Obama considerou que a prioridade era buscar outro local que tivesse as mesmas características de Manta, e assim poder manter a cobertura aérea da região.

O Ministério da Defesa colombiano enumerou as bases: as aéreas serão Malambo, no departamento do Atlântico; Palanquero, em Cundinamarca; e Apiay, em Meta. As bases do Exército serão Tolemaida, em Cundinamarca; e Larandia, em Caquetá. E as navais serão as de Cartagena e Bahía Málaga, no departamento de Valle del Cauca.

De igual maneira, Estados Unidos tem pretensões de instalar, futuramente, quatro bases adicionais: uma em Alcântara, no Brasil; outra na zona de Chapare, na Bolívia; uma mais em Tolhuin, na província de Tierra de Fuego, na Argentina; e a última na zona conhecida como a tríplice fronteira, localizada na confluência das fronteiras entre Brasil, Argentina e Paraguai.

Estados Unidos alega que todas essas bases militares são centros de operações táticas para apoiar o que eles denominam "segurança hemisférica", termo relacionado com a velha Doutrina de Segurança Nacional de primeiro isolar e em seguida acabar com qualquer governo contraposto aos intereses de Washington e do Pentágono como, por exemplo, o Governo Bolivariano da Venezuela.

Fonte: Agencia Bolivariana de Noticias

8 de set. de 2009

O Brasil fica rico e fica bélico



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CLARIN DIZ QUE COMPRAS MILITARES DO BRASIL TÊM RAÍZES HISTÓRICAS E SÃO PARA DEFENDER PRÉ-SAL!

1. Clarin é o jornal de maior circulação na Argentina, o dobro de circulação do jornal brasileiro que mais circula (Folha de SP), e é o núcleo do mais poderoso e influente grupo de comunicação do país.

2. (Clarin, 04/09) O Senado brasileiro autorizou Lula a gastar US$ 8.5 bilhões para comprar, na França, 5 submarinos, um deles nuclear, e 50 helicópteros. Lula antecipou ontem que poderia fechar um terceiro negócio com o presidente Nicolas Sarkozy, que visita Brasília. Trata-se da compra de 36 aviões caças por outros US$ 4 bilhões. A autorização dos recursos foi votada pelo Senado em tempo recorde de 48 horas. O financiamento para os submarinos vem de um consórcio de bancos franceses formado pelo BNP Paribas, pela Société Générale, pelo Calyon, o Credit Industriel et Comercial, o Natixis e o espanhol Santander.

3. Quando se lê a história da participação brasileira na Segunda Guerra Mundial, pode-se entender porque a insistência de contar com submarinos que patrulhem o extenso litoral atlântico. O Brasil entrou em guerra com o Eixo em janeiro de 1942. Foi Getúlio Vargas quem promoveu a ruptura da neutralidade a favor dos EUA, apesar da oposição de dois vizinhos importantes: Argentina e Chile; e dos generais brasileiros que sabiam que o Brasil não contava com o equipamento necessário para enfrentar à aliança Alemanha-Itália, que atuava no Atlântico. A promessa de ajuda do norte-americano Roosevelt demorou muito, e dezenas de cargueiros brasileiros foram afundados pela marinha alemã. As épocas são bem diferentes. E as necessidades também. Mas nas decisões militares há raízes históricas.

4. Hoje eles têm objetivos claros. Um deles é, justamente, se preservar de uma eventual atitude "invasora" sobre as enormes quantidades de petróleo (estimadas em no mínimo 14 bilhões de barris de petróleo cru da melhor qualidade), distribuídas pela costa que vai de São Paulo ao Espírito Santo. Neste quadro inclui-se o novo negócio em vista: os caça-bombardeiros. A preferência pela França não é uma questão de aliança geopolítica: para ambas as partes implica um negócio. Um caso é dinheiro e o outro é militar. Lula foi claro nas declarações prestadas à TV5 francesa, em entrevista exclusiva que disse que seu país, pelo tamanho que possui (e as constantes necessidades de defesa), pretende ter a mais avançada tecnologia armamentista. Isso só se faz com transferência de conhecimento.

* * *

BRASIL: MAIOR FORÇA NAVAL DA AMÉRICA LATINA!

(ESP, 07/09) Até 2020 o Brasil terá a maior e mais poderosa força naval da América Latina, equipada com submarinos, fragatas, navios leves, corvetas - um volume estimado em 35 unidades - além de mísseis de longo alcance, torpedos, aviões e helicópteros de tecnologia avançada. A expectativa é de que em dez anos o primeiro submarino de propulsão nuclear, com 100 metros e 6 mil toneladas, já esteja pronto, e também definido o cronograma de uma segunda unidade. Haverá uma 2ª Esquadra, na Foz do Amazonas. A 1ª EsQ fica no Rio. "A Marinha revitalizada será um grupamento articulado e orgânico, destinado a garantir a negação do uso do mar a presenças hostis, ilícitas, e a promover efeito dissuasivo. Não estamos interessados em projetar poder", diz o ministro da Defesa, Nelson Jobim.

* * *

AÉCIO DIZ QUE PARTILHA NÃO SERÁ DECIDA NESTE GOVERNO!

(ESP, 07/09) ''Não é neste governo que decidiremos como ocorrerá a partilha dos royalties. Terá de ser superada no Congresso se não for por um entendimento entre os próprios governadores. É inconcebível que algo dessa importância, que pode pela primeira vez dar ao Brasil perspectiva de enfrentar problemas como o da educação e da saúde, sirva para aumentar o fosso que separa os Estados. Eu até compreendo as razões do Sérgio. Para ele é uma bandeira política e eu não questiono. Mas ele sabe que isso não ocorrerá sem uma negociação. Mas a questão é que isso não irá ocorrer antes da eleição, essa questão específica da partilha".

Até doidinhos, como eu, sabem ler o óbvio...



3 de set. de 2009

Empirismo e filosofia da mente


Conhecer envolve, segundo Wilfrid Sellars, um processo inferencial e uma dimensão social.


José Renato Salatiel

(13/03/2009)

A obra Empirismo e filosofia da mente (Editora Vozes, 2008), de Wilfrid Sellars (1912-1989), é um dos marcos da filosofia analítica, uma das mais influentes escolas na Europa e, principalmente, nos Estados Unidos.

Apesar de curto, o ensaio de Sellars é denso e requer um leitor mais atento e dedicado, além de exigir certo repertório em história da filosofia, uma vez que o autor dialoga com correntes diversas.

A edição brasileira, entretanto, preservou a introdução de Richard Rorty (um dos mais importantes filósofos norte-americanos da atualidade), que contextualiza o trabalho, e os comentários de Robert Brandom, direcionados inicialmente para seus alunos dos cursos de graduação e pós-graduação na Universidade de Pittsburgh (EUA), onde Sellars também lecionou. Ambos os textos podem servir como fio de Ariadne nos labirintos argumentativos do filósofo.

Além disso, a importância de Sellars no pensamento contemporâneo, incluindo a filosofia da mente, é suficiente para recompensar o leitor mais obstinado. Mas qual é a contribuição deste pensador norte-americano para a filosofia? Para responder a questão, passaremos brevemente por alguns princípios básicos da filosofia analítica.

Teoria do conhecimento

Epistemologia é o ramo da filosofia que trata das teorias do conhecimento. Ela procura responder a perguntas como “O que é o conhecimento?”, “Como posso conhecer algo e em que condições?” e “Como posso obter um conhecimento verdadeiro e, ainda, saber se estou de posse de um?”.

Tradicionalmente, duas correntes da filosofia apresentaram soluções diferentes para o problema. Os racionalistas – René Descartes (1596-1650), Gottfried Leibniz (1646-1716) e Baruch de Spinoza (1632-1677), entre outros – desenvolveram sistemas que inseriam a metafísica no caminho seguro da matemática, fornecedora de conhecimento dedutivo e necessário. Enquanto os empiristas, como Thomas Hobbes (1588-1679), John Locke (1632-1704) e David Hume (1711-1776), viam na experiência, apesar de contingente, a única fonte de saber para o homem.

O filósofo alemão Immanuel Kant (1724-1804) superou as duas tendências com seu método transcendental. Pare ele, sem a luz da razão para nos guiar, tateamos cegos pelo mundo dos objetos. Por outro lado, a razão sem a experiência não tem conteúdo e, sem o peso das coisas e o lastro da realidade, sente-se livre para arriscados voos dogmáticos.

Tendo a crítica kantiana às metafísicas tradicionais como ponto de partida, a filosofia analítica emerge no âmbito da chamada “virada linguística” (linguistic turn), que substituiu uma perspectiva do conhecimento baseada na relação entre sujeito e objeto por uma compreensão centrada e amparada na linguagem, seja ela ordinária ou lógico-simbólica.

Deste modo, fez da filosofia, basicamente, uma análise do significado de conceitos, aliando, inicialmente, o transcendentalismo kantiano e o empirismo clássico britânico ao método oriundo da lógica de Gottlob Frege (1848-1925), considerado o “pai” da lógica moderna.

A filosofia analítica se origina pouco antes da Segunda Guerra Mundial, com o positivismo ou empirismo lógico, escola criada em torno do chamado Círculo de Viena, que reunia nomes como Moritz Schlick (1882-1936) e Rudolf Carnap (1891-1970).

Para eles, era essencial a distinção kantiana entre proposições analíticas e sintéticas. O critério de verificação para proposições analíticas é meramente dedutivo, como sentenças aritméticas, por exemplo. Já juízos sintéticos dependem de uma checagem empírica, isto é, de um confronto com a realidade. Proposições do tipo “Deus existe”, portanto, eram destituídas de sentido, porque não se pode provar empiricamente a existência de Deus.

Consequentemente, a tarefa da reflexão filosófica seria prover fundamentos empíricos para o conhecimento, reduzindo conceitos a dados dos sentidos (o chamado fenomenalismo). A proposição “A cadeira é verde” só teria sentido se fosse possível demonstrar, com base na intuição sensível (visão da “verdidude” da cadeira, por exemplo), que a cadeira é, de fato, verde.

Mito do dado

Os pressupostos iniciais do positivismo lógico foram abalados por três trabalhos seminais: Dois dogmas do empirismo (1951), de Willard V. O. Quine (1908-2000), que invalidou a distinção entre sentenças analíticas e sintéticas, Investigações filosóficas (1956), de Ludwig Wittgenstein (1889-1951), cujo trabalho levou ao abandono do fundacionismo, e, finalmente, Empirismo e filosofia da mente, de Sellars.

O ensaio foi apresentado, inicialmente na forma de palestras, em 1956, nas Conferências Especiais em Filosofia, na Universidade de Londres, sob o título “O Mito do Dado: três conferências sobre empirismo e a filosofia da mente”.

O trabalho ficou conhecido, justamente, pelo “mito do dado”, em que o autor ataca a teoria dos dados dos sentidos, o cerne do fenomenalismo dos teóricos do Círculo de Viena. A teoria afirma ser possível fundamentar o conhecimento empírico nas impressões ou dados dos sentidos dos objetos e, desta maneira, obter saber não-inferencial sobre questões de fato.

Sellars aponta uma inconsistência no fato de se extrair fatos epistêmicos, do tipo “(eu sei que) a cadeira é verde”, de fatos não-epistêmicos – “Eu vejo a cadeira verde”. Há uma diferença em ter a sensação de uma cadeira verde e saber que é uma cadeira verde.

O ponto é que não se pode conhecer sem antes ter adquirido uma competência linguística. Conhecer envolve, diz Sellars, um processo inferencial e uma dimensão social que foi capturada, com competência, pelo conceito de “jogos de linguagem” do “segundo” Wittgenstein.

Além disso, a dificuldade de se saber que “A cadeira é verde” somente ao ter impressões do “verde” está no fato de que conhecer algo envolve uma consciência classificatória – isto é verde, aquilo é não-verde – e subsunção de particulares a classes gerais, como o termo geral “cadeira” que representa todas as cadeiras individuais. Envolve, em suma, conceitos e inferências.

É essa propriedade de se obter um conhecimento não-conceitual que Sellars rejeita e, existindo essa incoerência na teoria dos dados dos sentidos, não há como fundamentar o conhecimento empírico em dados sensoriais, pois o pré-requisito é o domínio de uma linguagem.

Linguagem e consciência

Sellars vai além ao afirmar que a linguagem é não somente prerrogativa de qualquer conhecimento como também da própria consciência. Estar consciente não é simplesmente ter sensações, mas possuir uma habilidade linguística. E, como a linguagem é um fenômeno social, a consciência e o conhecimento se esgarçam num processo coletivo e autoregulatório de aprendizagem.

Uma criança só pode desenvolver uma capacidade cognitiva quando adentrar, por via dos conceitos, o espaço normativo de razões, em que a comunidade de interlocutores se insere. Somente ali poderá justificar e se responsabilizar pelo que diz, pois “[...] dizer que certa experiência é um ver que algo é o caso é fazer mais do que descrever a experiência. É caracterizá-la, por assim dizer, como uma asserção ou afirmação, [...] endossar tal afirmação.”

Não há possibilidade de crença que não seja articulada conceitualmente e nem possibilidade de fundamentação de conhecimento empírico, uma vez que o processo é apenas regulador. Conforme diz Sellars, “[...] o conhecimento empírico, como sua sofisticada extensão, a ciência, é racional, não por ter uma fundação, mas por ser um empreendimento autoregulador que pode colocar qualquer afirmação em questão, embora não todas simultaneamente”.

Tais reflexões refutaram o verificacionismo e atomismo lógico dos positivistas, e também uma determinada ideia de mente compartilhada tanto por tradições empiristas como racionalistas.

São interessantes as confluências entre as propostas de Sellars e o fundador do pragmatismo, Charles Sanders Peirce (1839-1914), que no artigo Questões referentes a certas faculdades reivindicadas pelo homem, de 1868, fez a mesma trajetória e chegou a destino muito parecido. As proximidades entre os autores, já apontadas por Rorty, mostram que filósofos analíticos e pragmatistas talvez sejam mais do que meros vizinhos.

via Le Monde Diplomatique