"Há uma história, lida não sei onde, que diz que um rei muito poderoso mandou comprar vasos novos. O encarregado, muito zeloso, chegou à loja do fabricante de vasos e começou a bater suavemente nos vasos expostos. Perguntado por que assim o fazia, respondeu:
− O rei exige apenas os vasos perfeitos, se houver algum vaso trincado, este deve ser eliminado.
Essa história é muito repetida nos meios religiosos com a interpretação da exigência de Deus por espíritos perfeitos. Serve para ilustrar as regras moralizadoras de cada credo. Uma história tem um poder de persuasão maior que uma sentença legal.
Há outro aspecto da história moral, que não interessa muito à moral religiosa, mas que me dói perguntar:
− E como ficam os vasos trincados? Devem ser relegados ao fogo eterno?
Somos humanos, somos falíveis, somos imperfeitos. Dificilmente, até onde os olhos alcançam, veremos um anjo entre nós. O rei não encontrará seu vaso perfeito preferido.
A idéia que podemos alcançar a perfeição é tão absurda quanto o desejo de tornar perfeito um vaso trincado.
Somos condenados à imperfeição, ou se preferires comigo, condenados à humanidade. "