22 de mar. de 2009

Os economistas também são idiotas


Não pense que só os psicólogos são idiotas. Os economistas também o são.

Os psicólogos são idiotas porque acreditam em Freud, e pretendem construir uma ciência com isso. 

Os economistas são idiotas, porque acreditam... em Marx? Em Keynes? Sim, entre outras coisas, mas, principalmente, porque pretenderam (crime muito mais grave que o outro) matematizar a vida. Pretenderam reduzir a vida a um conjunto de cálculos. Queriam que uma relação de consumo, uma tendência psicológica do consumidor pudesse se converter numa variável numérica. Tudo bem, eu não os culpo, quantos de nós não desejariam que a vida pudesse ser medida à régua? Aliás, o Amor. Aliás, o Encontro. Ah! Se tudo pudesse ser calculado antecipadamente...

Algumas coisas dos economistas, evidentemente, são mais idiotas que as outras. Por exemplo, a economia pensa com o fundamento na escassez. A escassez é a base e, muitas vezes, o conceito da economia. Ora, se você olhar bem profundamente não há escassez, ao contrário, há abundância. O economista deveria fundamentar sua análise na distribuição da riqueza. A dificuldade de retirá-la da natureza é um problema técnico dos engenheiros (agrônomos, de pesca, elétricos, petroquímica ...). O economista deve tratar de superar os egoísmos nacionais e individuais, para distribuir essa riqueza. Agora, pense na dificuldade de mudar esse paradigma – é como se anunciássemos que a Terra gira em torno do Sol.

Outra bobagem dos economistas está nas suas frases de efeito. Cada partido tem sua frase de efeito: “não existe almoço grátis” – dizem os liberais. “A história da sociedade, até nossos dias, não foi senão a história da luta de classes” – dizem os marxistas. Duas bobagens.



Primeiro, existe almoço grátis sim, basta pensar no sopão da Bolsa Família. Quando você atomiza os custos o máximo possível, eles desaparecem. A Bolsa Família não representa nenhum custo para cada um dos brasileiros tomados isoladamente. Pode aparecer no orçamento da União o valor de 17 bilhões, mas esse valor atomizado nos rendimentos de 190 milhões de brasileiros não representa nada, logo, há almoço grátis sim!


Segundo, a luta de classes é uma teoria muito útil para ficar bêbado ou impressionar uma estudante solitária (ou fazer lavagem cerebral em camponeses pobres, como o faz o MST). Tentar reduzir a vida a uma eterna luta de classes é ridículo. A teoria de que os ricos se organizam para produzir leis e “ideologizam” a sociedade segundo seus interesses é muito interessante como fundamento para desobstruir o senso crítico de alunos alienados. Explicar-lhes, por exemplo, que a Polícia Federal sabe quem são os grandes corruptos, mas só pode prender ladrão de galinha é importante para que eles saibam quem dirige o país. Explicar-lhes, por exemplo, que as razões de socorrer banco falido são uma mentira para boi dormir, serve para que esses estudantes compreendam em que sociedade eles vivem.

Mas, afinal, todos faremos escolhas: quem for trabalhar na Polícia Federal – por mais que tenha sensibilidades com os miseráveis e entenda que o sofrimentos “físico” deles pode ser minorados com alguma eficácia das políticas públicas – no final, terá que prender apenas quem lhe mandarem prender. Terá que investigar inimigos políticos do momento, etc. Quem for trabalhar em banco, pode saber da corrupção das taxas e dos lançamentos contábeis, mas não terá muito que fazer, continuará indo para o sindicato reivindicar aumento salarial e participação nos lucros...

 

Eu não lembro mais da teoria marxista, nem da lei dos cossenos, mas acredito que pensar em termos de dominantes e dominados é estagnar a dinâmica social. A realidade é muito mais complexa. Há novos produtos, novas tecnologias, novas teorias, nossos desejos, e nem tudo é produzido na Abin.