(Lucas, capítulo 18º, versículos 1 a 8)
Havia, numa cidadezinha da Palestina, um juiz que não respeitava nem Deus nem os homens.
Em lugar de dar o bom exemplo, honrando a posição que ocupava, esse juiz zombava de tudo que se referisse às coisas de Deus. Declarava-se ateu e não respeitava as crenças alheias.
Era também injusto nos seus julgamentos. Não procedia corretamente nem no tribunal nem no lar. Era um homem desleal nos seus pareceres e sem bondade para com aqueles que o procuravam, cheios de confiança. O maldoso juiz não tinha boa vontade para atender a ninguém. Muitas vezes mandava dizer que não estava em casa, quando pessoas pobres iam ao seu encontro. Se estava no tribunal, era sempre com má vontade e indelicadeza que atendia os que se aproximavam dele; depois de muito esperarem, era quase certo receberem do juiz um “não” às súplicas mais comoventes e aos pedidos mais justos.
Vivia também nessa cidade uma pobre viuva. Era muito doente e tinha dois filhos menores, que haviam nascido defeituosos. Seu marido, morto num desastre, lhe havia deixado uma pequena casa e uma pequena propriedade numa aldeia próxima. Infelizmente, o sócio de seu esposo era um homem desonesto. E agora, vendo que a pobre mulher, doente e abatida, tendo de cuidar dos filhinhos enfermos, não poderia dirigir a pequena propriedade, o sócio cobiçoso tomou conta das terras, dizendo a todos que comprara aquela propriedade da viúva.
A pobre mulher foi ao encontro do antigo amigo de seu esposo e pediu-lhe que não lhe tirasse aquele pedaço de terra, que era a única fonte de sustento para ela e seus filhinhos doentes. Mas, o homem, duro de coração, não quis atendê-la. E ainda zombou dela.
A viúva resolveu, então, apelar para o juiz.
Todos lhe diziam que era inútil, que o juiz não atendia aos pobres... Ela, porém, não desanimou. Foi à casa do magistrado. Um servo veio dizer que o juiz não estava em casa. Não era verdade isso, pois, ela o vira,minutos antes, à sombra de uma videira, no horto de sua casa.
Humilhada e triste, voltou para o lar, para junto dos filhinhos. Não desanimou, porém. No dia seguinte, retornou à casa do juiz. Outra mentira, e ela não foi recebida. Voltou muitas vezes. Muitas outras o procurou no tribunal, até que, um dia, pôde dizer-lhe:
— Senhor Juiz, faze-me justiça, pois o sócio de meu falecido esposo se apossou da propriedade que me pertence e que é o sustento de meus filhinhos. Defende-me do meu adversário...
O juiz prometeu intervir junto do sócio desonesto, mas, nada fez. Outra vez, e mais outra, e várias outras, a viúva incansável procurou o juiz, rogando-lhe que lhe fizesse justiça.
O magistrado estava imensamente aborrecido com aquelas constantes visitas da viúva. Ela o procurava no tribunal e em casa, sempre com o mesmo pedido: “Faze-me justiça contra meu adversário, Senhor Juiz!”
Por fim, ele disse a si mesmo: “Eu não temo a Deus, nem respeito os homens. Mas, essa viúva não me dá sossego, sempre a importunar-me com o mesmo pedido, sempre a suplicar-me justiça... Bem, eu não dou valor à justiça, nem me incomodo com as misérias alheias... mas, para que essa mulher não mais me aborreça, vou fazer-lhe justiça. ..“
E mandou um oficial chamar o homem desonesto. Verificou, conforme a viúva lhe dissera, que ele não tinha direito às terras. Devolveu a propriedade e as plantações à pobre mulher, fazendo-lhe, assim, justiça, para felicidade dela e das pobres crianças.
*
Jesus contou esta Parábola da Viúva Importuna, filhinho, para que nós aprendêssemos — é Ele quem diz — a”orar sempre, sem nunca desanimar”.
Ore sempre, meu filho, esperando com toda a confiança as bênçãos do Pai do Céu.
Tudo que você suplicar a Deus, se seu pedido for justo (como o pedido da viúva), pode ter a certeza de que Deus o atenderá, com o amor de Seu divino coração paternal.
Não tenha dúvida, filhinho: toda súplica justa é ouvida e atendida por Deus.
Jesus, depois de contar a parábola ao povo, disse: Recordai as palavras do juiz injusto. Se esse homem maldoso fez justiça à pobre mulher, muito mais Deus fará justiça àqueles que merecerem, aos que lhe pedirem, como a viúva pobre, o que for honesto e justo.”
Não esqueça a lição da parábola. Peça a Deus somente o que for bom e justo. Rogue as bênçãos divinas para você, para seus paizinhos, para os maninhos, para seus parentes, para seus vizinhos, para os pobres, para os doentes, para os órfãos, para os pecadores. Rogue para você e para todos as bênçãos da paz, da luz, da saúde e da fortaleza espiritual. Se você orar, cheio de fé, Deus atenderá você. Talvez não atenda tão depressa como você deseje. Por que será? Será que Deus deseja ouvir muitas vezes o mesmo pedido? Não, filhinho, mil vezes não. Nós éque nem sempre estamos com a mente e o coração preparados para receber a Resposta divina. Por isso, devemos “orar sempre, sem nunca desanimar como Jesus ensinou, a fim de purificar nossa mente e nosso coração para ouvir e sentir as respostas de Deus.
Filhinho: uma alma digna só pede a Deus o que é digno. Uma alma justa só pede a Deus o que é justo. Por isso é que Deus atende os pedidos justos e dignos: as almas dignas e justas MERECEM as bênçãos do Alto.
Existe, meu filho, uma lei do mérito funcionando na Terra e na Eternidade. Se merecermos, receberemos sempre. Procuremos, para nosso bem, merecer, fazendo a vontade de Deus, hoje e sempre...