20 de jan. de 2009

A Parábola dos talenos

(Mateus, capítulo 25º, versículos 14 a 30)

Certa vez, um homem rico, grande proprietário, teve necessidade de deixar sua pátria e viajar pôr outros paises.


Chamou, então, seus servidores de confiança e lhes entregou seus bens, a fim de que negociassem com as quantias que lhes eram entregues.


Ao primeiro servo deu cinco talentos (*), que cor­respondem em nossa moeda a mais de cem mil cru­zeiros. Ao segundo entregou dois talentos e ao tercei­ro, um talento.


Ele fez essa distribuição de acordo com a capa­cidade de cada servidor. E depois seguiu para via­gem.


O primeiro foi imediatamente negociar com os talentos e, nos vários negócios que fez, conseguiu ganhar outros cinco talentos.


O segundo fez o mesmo e conseguiu de lucro mais de 40 mil cruzeiros (isto é, outros dois talentos).


O terceiro servidor, porém, em lugar de multi­plicar seu dinheiro realizando negócios, como os outros dois, saiu da casa do senhor e foi para sua residência. E, no fundo do quintal, enterrou a moeda de ouro que o grande proprietário lhe havia passado às mãos.


Decorrido algum tempo, o senhor voltou do estrangeiro para sua pátria. Chegando a casa, chamou aqueles servidores para ajustar contas com eles.


Compareceu o primeiro à presença do seu amo. E falou:


— Senhor, entregaste-me cinco talentos. Nego­ciei com eles, como ordenaste, e consegui multiplica-­los com meu trabalho honesto, conseguindo outros cinco. Aqui estão, meu senhor, os dez talentos que te pertencem.


Disse-lhe o proprietário, em resposta:


— Muito bem, servo bom e fiel. Já que foste fiel no pouco que te confiei, de agora em diante eu te confiarei negócios maiores e mais importantes. Estarás sempre comigo, ao meu lado, e gozarás da minha felicidade e bem-estar.


Chegou o segundo servidor e disse também:


Senhor, entregaste-me dois talentos. Também negociei com eles, como mandaste e consegui multi­plicá-los igualmente, com meu esforço honesto, con­seguindo outros dois. Aqui estão, meu senhor, os quatro talentos que te pertencem.


— Muito bem, servo bom e fiel. Já que foste fiel no pouco que te confiei, de agora em diante eu te confiarei também negócios maiores e mais importan­tes. Estarás ao meu lado, sempre comigo, e gozarás também, como teu companheiro, da minha felicidade e bem-estar.


Chegou, por fim, o terceiro servidor, que havia recebido um só talento. E disse ao seu patrão:


— Senhor, eu te conhecia e sempre soube que és um homem duro e severo, que gostas de colher onde não semeastes e recolhes o trabalho dos outros. Por isso, tive medo de ti e de tua justiça. E, por medo, escondi o teu talento na terra Mas, hoje desenterrei tua moeda. Aqui está, senhor, o que te pertence.


O proprietário, porém, lhe respondeu:


— Servo mau e preguiçoso, por que me ofendes assim? Por que imaginas que eu gosto de colher onde não semeei e me agrada explorar o trabalho alheio? Se assim julgavas, por que não puseste, pelo menos, o dinheiro no banco, para render juros, já que não querias multiplicá-lo com teu trabalho?


E chamando outros servidores de sua casa, con­tinuou:


— Tirai-lhe o talento e dai-o ao que tem dez ta­lentos. A todo aquele que tem ainda, mais se dá e ele terá em abundância; mas , ao que não tem, até o que tem lhe será tirado. Lançai o servidor inútil fora do meu palácio, onde há lágrimas, fome e revolta, sem as alegrias que provém do trabalho honesto e fiel.



*


Esta parábola, filhinho, é uma imagem do Reino de Deus. Nesse Reino, que abrange o Universo in­teiro, cada alma, por mais pobre e pequenina que seja, tem uma determinada tarefa ou missão.


Deus dá a cada um de nós (pai, mãe, jovem ou criança) uma tarefa, maior ou menor, segundo a ca­pacidade de cada alma. Isso é o que significa a dis­tribuição diferente dos talentos (um recebeu 5, outro recebeu 2, outro — 1). Mas, Deus quer que nós multi­pliquemos os nossos talentos e não que os enterre­mos, como fez o servidor preguiçoso, que mereceu também o qualificativo de mau.


Nossos talentos, filhinho, são as possibilidades que toda alma possui de fazer algum bem no mundo. Você também recebeu de Deus cinco, ou dois, ou um talento, isto é, você pode fazer algum bem neste mun­do: ajudando seus paizinhos, sendo amigo de seus maninhos, sendo prestativo e bondoso para seus co­legas, fazendo algum serviço na Escola de Evange­lho, auxiliando, conforme suas posses, os pobrezi­nhos, os órfãos, os tristes... Há tantas almas sofre­doras e necessitadas no mundo, meu filho!...


Os seus talentos são o seu conhecimento, a sua bondade, o seu dinheirinho do lar, a sua boa vontade para ajudar a quem sabe ou pode menos que você. Tudo que você possui ou sabe é um talento que Deus confiou a ti, a fim de que seu coração e sua inteligên­cia o multipliquem em favor dos pobres, dos sofredores e dos necessitados do mundo.


Não imite o terceiro servidor, querida criança, que enterrou seu talento. Não negue sua coopera­ção, quando puder prestar um favor. Não deixe de ajudar a mamãezinha nos serviços domésticos. Não negue um auxílio honesto a um colega de estudo. Não gaste todo o seu dinheirinho em gulodices, mas, lembre-se dos orfãozinhos, dos pobres, dos doentes e comece a socorrê-los com suas moedinhas. Existem mil pequeninos serviços de bondade e de delicadeza, mil pequenas tarefas de caridade e de compaixão que você pode realizar na vida, cumprindo sua missão de ovelhinha de Jesus. Não enterre seus talentos, sim?


Se você cumprir seu dever de trabalhar no bem, nas pequeninas coisas, creia que a Parábola se cum­prirá na sua vida: o Senhor Jesus confiará à sua alma tarefa maiores no Seu Reino e você gozará de Sua Perfeita Alegria, na grande felicidade de traba­lhar com Ele em favor da regeneração de nosso mundo.


Pode crer, filhinho, que não existe felicidade maior do que esta.



(*) O talento, como já vimos na Parábola do Credor Incompassivo, era uma moeda que valia mais ou menos 20.000 (vinte mil) cruzeiros.