25 de set. de 2009

Máquina que faz livros sob demanda







Revista Galileu


A Expresso Book Machine reacende a polêmica, o que é melhor para o ambiente:
e-books, livros tradicionais ou o novo método? Avaliamos as opções para você

Em agosto de 2007, o desenvolvimento de uma máquina que imprimia e encadernava livros de cerca de 300 páginas em menos de cinco minutos ganhou tímido espaço na mídia. Inicialmente, o acervo de impressões contava 20 obras de domínio público, e cresceria à medida que a empresa responsável,* On Demand Books <http://www.ondemandbooks.com/home.htm>*, conseguisse direitos de outros títulos.

A primeira unidade da *Espresso Book Machine* foi para a sede do Banco Mundial, em Washington, EUA, e a segunda, para a biblioteca pública de Nova York, para ficarem em exposição, mais como uma curiosidade tecnológica do que como uma potente impressora de livros. Dois anos depois, o acervo da On Demand Books havia crescido para 1,6 milhão de livros, mas nem por isso muitas lojas aceitaram pagar US$ 100 mil pela EBM, que ficou restrita a oito lojas e mais algumas bibliotecas pelo mundo.

Essa situação se manteve até a semana passada, quando a On Demand Books anunciou uma parceria com o gigante Google, adicionando mais 2 milhões de títulos ao acervo, graças ao *Google Books*, serviço que oferece livros digitalizados pela empresa. Metade dos livros adicionados pelo buscador são de domínio público; a outra metade, por acordo com editoras, pode ser impressa integralmente. O Google Books ainda tem mais 5 milhões de títulos, que pode reproduzir parcialmente.

A iniciativa foi surpreendente pelo fato de o Google ir na contramão da incipiente leitura virtual, por meio dos leitores eletrônicos (e-readers) como o* Kindle*, da *Amazon,* ou o *Sony Reader*. Em vez de procurar um acordo com a Amazon ou com a Sony para a distribuição virtual dos títulos, a empresa optou pela tecnologia de impressão sob demanda: onde houver uma máquina, o consumidor poderá imprimir uma cópia da obra desejada em poucos minutos. O acabamento, garante a On Demand Books, é igual ao de um livro que se encontra em uma livraria.

"Ler livros digitais pode ser uma experiência agradável, mas nós percebemos que há momentos em que os leitores querem a cópia física de um livro", afirmou o gerente de produtos do Google, Brandon Badger, em um post publicado na semana passada no blog oficial do Google Books. “Esse anúncio [da parceria] é mais um passo para (...) ajudar as pessoas a acharem e lerem os livros de diferentes maneiras”, disse ainda no post.

Por enquanto, a máquina de US$ 100 mil ainda está localizada em poucas livrarias dos EUA, Canadá, Reino Unido e Austrália, e cada livro custa a partir de oito dólares. Os mais de 2 milhões de títulos de domínio público incluem peças de Shakespeare, antigos ensaios filosóficos e romances como “Alice no país das maravilhas”, de Lewis Carroll; “As aventuras de Sherlock Holmes”, de Arthur Conan Doyle; “Orgulho e preconceito”, de Jane Austen; “Moby Dick”, de Herman Melville; “Frankenstein”, de Mary Shelley; “Um conto de natal”, de Charles Dickens, e mais autores como H. G. Wells, irmãos Grimm, James Joyce, Franz Kafka e Oscar Wilde (somente os originais em inglês). 



*Impacto ambiental de livros tradicionais e e-books*

Poucos dias antes do anúncio da parceria acima, o grupo americano *Cleantech *, que desenvolve tecnologias não-poluentes, divulgou o estudo “The environmental impact of Amazon’s Kindle” (O impacto ambiental do Kindle, da Amazon), em que afirma que os *e-readers* ; podem evitar o lançamento de cerca de 10 milhões de toneladas de CO² na atmosfera até 2012. Até agora, 1 milhão de leitores da Amazon foram vendidos, e o impacto ambiental não foi muito significativo. No entanto, se a projeção para 2012 da empresa se confirmar, e as vendas totalizarem 14,4 milhões, o ganho ambiental será enorme, afirma o relatório.

Tanto os e-books (livros eletrônicos) quanto os tradicionais produzem gás carbônico em sua produção. Porém, segundo o estudo, comprar três títulos por mês durante quatro anos lança 168 kg de CO² quando se trata de e-books, e 1.074 kg quando são livros de papel e tinta, uma relação de um para sete. 

Os livros sob demanda, produzidos pela Espresso Book Machine, também são alardeados como menos prejudiciais ao meio ambiente. Apesar de emitir CO² na produção de papel e tinta e na impressão, o sistema sob demanda não tem gastos com o transporte dos livros, e não há desperdício de livros que não são vendidos e voltam para o fabricante (taxa calculada em cerca de 30%).

De acordo com um relatório de 2007 do Grupo de Estudos da Indústria do Livro, a produção e comercialização dos livros sob demanda emitem metade do gás carbônico que os processos tradicionais. É um bom índice, mas os e-books ainda produzem 70% menos CO² que o novo processo, mesmo com gasto de energia e com a produção dos componentes eletrônicos. 

*Influência na leitura*

De acordo com o site britânico PC Pro, soldados do Reino Unido que estão servindo no Afeganistão pediram, como presente de natal, um leitor eletrônico. Além da praticidade de armazenar grande conteúdo, o gadget é ideal para as tropas porque, ao contrário de um mp3 player ou iPod, ele não bloqueia a audição, imprescindível para a situação.

Um fato como esse comprova que os leitores eletrônicos conseguiram relativa consolidação e renome no mercado. A praticidade é inegável – *o estudo sobre os leitores eletrônicos afirmou que um e-reader substitui, em média, a compra de 22,5 livros*. A venda de 1 milhão de Kindles até agora, e a previsão otimista de aumento nas vendas da Amazon, que tem 45% da fatia do mercado americano de e-readers, passa a impressão de que os leitores eletrônicos vão se popularizar.

Aqueles que não largam o livro de papel de jeito nenhum, porém, ganharam mais uma opção – um pouco mais ecológica e prática que o método tradicional. Resta saber se tanta praticidade vai realmente levar as pessoas a lerem mais, ou se aquela máquina de US$ 100 mil será apenas mais uma curiosidade tecnológica.


*Veja no you tube:*



*Como imprimir um livro em cinco minutos*

1) O usuário seleciona o livro desejado na base de dados interna. Ele pode fazer isso a partir de sua casa ou em um terminal da máquina. Neste último caso, pode ainda levar (em CD, pendrive etc.) uma cópia consigo de qualquer obra que queira imprimir, desde que esteja no formato PDF. Podem ser impressos livros de 40 a 830 páginas;

2) Uma impressora de alta velocidade (110 páginas por minuto) imprime, em preto e branco, as páginas do miolo do livro em formato A4;

3) As páginas impressas caem num coletor para ficarem alinhadas;

4) Simultaneamente, outra máquina imprime a capa do livro em formato A3 em um papel de melhor qualidade. Esta capa desliza para baixo da máquina, com a face impressa para baixo, aguardando o miolo do livro;

5) Depois que o miolo do livro está impresso e alinhado no coletor, ele é apanhado por uma garra e viaja verticalmente até a capa;

6) A parte de baixo do miolo é lixada para absorver melhor a cola quente, que é aplicada logo em seguida;

7) O miolo do livro desce até a capa, que é dobrada em torno do livro;

8) Duas prensas apertam o livro na lombada, para garantir que as páginas sejam bem coladas;

9) O livro vai para uma guilhotina, que corta o conjunto em qualquer formato entre A4 (21cm x 29,7cm) e 11,4cm x 11,4 cm;

10) Pronto! Esse processo dura poucos minutos. 




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